Tuesday, December 25, 2007

Então é Natal!

A hipocrisia das pessoas me assusta. Não que eu também não seja hipócrita; longe disso, acho que sou a mais alienada de todos, já que sei, mas continuo fazendo e não tento mudar a situação.
Estou falando do Natal, claro. Sobre o que mais é permitido falar no dia 25 de dezembro? Natal apenas. Suposto nascimento de Jesus Cristo, mas acho que até o valor simbólico disso já se perdeu. Agora é uma data comercial assim como o dia das mães e dos pais e dos namorados...
Não que eu seja religiosa e considere isso uma heresia. Admiro o Jesus-homem, um pensador fantástico e extremamente avançado para seu tempo, pregando a igualdade e a fraternidade. O primeiro socialista, por assim dizer! Mas o Jesus-deus... Bem, acho que a atribuição do divino a Jesus lhe tira parte considerável de sua grandeza. Quando falamos que ele é divino, é como se justificássemos seus atos; quando falamos que ele é homem, estamos demonstrando que ele era como nós e que, consequentemente, qualquer um de nós poderia ser como ele.
A questão, porém, não é de crer ou não em Deus ou em Jesus divino, a questão é de princípios. Princípios religiosos, se você preferir. As pessoas passam uma semana ou mais se preparando para o Natal, compram enfeites, decoram a casa, preparam uma ceia gigantesca, sem falar dos presentes. No dia 24 de dezembro, colocam para tocar um cd de músicas natalinas, todos se arrumam para a noite de gala, passam perfume, tiram fotos... Até a hora da prece. Sim, tem a prece. E sabe o que elas pedem? Um feliz natal para todos! Agradecem a Deus/Dinheiro pelo banquete que Ele lhes proporcionou, pela maravilhosa ocasião de estar a família reunida... Contam histórias sobre o nascimento de Jesus, sobre sua vida e seus atos. Falam de sua bondade para com todos!
Mas o pior de tudo é que elas pedem pelo mundo, pedem pelos outros, pedem a Deus para cuidar das outras pessoas! Falam da pobreza no mundo e continuam comprando as coisas mais caras e inúteis apenas porque é aniversário de Jesus Cristo! Mas como falar em Jesus em tais condições? Como falar dele e de suas pregações humanitárias assim? Eu nem sou religiosa e nunca li a bíblia inteira, mas até eu sei que isso vai contra os ensinamentos dele! Não foi Jesus que foi até um mercado e destruíu tudo por causa da fartura e de outros princípios "burgueses" em plena casa de seu pai? Para mim, o mesmo aconteceria se ele visse a mesma fartura e os mesmos princípios na comemoração de seu aniversário, uma data religiosa.
E, aliás, quantas pessoas estão passando fome naquele exato momento? Estão com frio debaixo de uma ponte, estão morrendo em campos de refugiados ou estão roubando para conseguir sobreviver? E no mesmo momento em que essa família está alí, reunida na fartura, na hipocrisia e nessa fé estúpida de que Deus vai resolver todos os problemas do mundo para tirar o peso da culpa de suas mentes...

Friday, December 21, 2007

Revolução Vermelha


"O Bolchevique", Boris Kustodiev.

Thursday, December 20, 2007

Friends

"Cal!!!!! Por favor, por favor, por favor!!!!!! Não vá embora não!!! Senta, vai!!! POR FAVOR!!!!"
"ARGHT!! Que merdaa! Cadê minha caneta?? Eu preciso desenhar um pinto..."

"Ai, eu queria ter um filho..."
"Ahh, eu também!!!"
...
"Nem vem que não é comigo, Clara!"

"Não, porque, tipo, é super desmoralizante, cara!"
"Claro que é! E mulher que faz isso é p***"

"Se você pegar esse papel, juro que vou te lamber!!!"
"E quem disse que eu me importo??"
"Hã, é assim, é?? Eu vou colocar dentro da minha piriquita, ai quero ver você pegar!!!"

"Ai. Minha redação tá parecendo um rap..."
"Velho! A minha também! Mas muito se perdeu quando isso aconteceu..."
"Isso aeh, manow!! Porque a gente foge do trabalho como o vampiro foge do alho..."

"Alguma de vocês é maior de idade?"
"Ah, a gente esqueceu a carteira de identidade!"
"Hum..."
"Mas calma, moça! Clara, liga ai para os meninos!"
"Alô? Rapaz, vocês são sacanas, mandam a gente vir comprar bebida sem poder, e?"
"Clara, cala a boca!"

"Ha! Eu tirei uma foto sua!!"
"Velho, eu não acredito que você fez isso."
"Tem o que? Ficou bonitinha!"
"Me dê esse celular agora, Clara!"
"Não!"
"Agora!!"
"AHHHHHHHHHHHHH!"
"... Clara? Você está bem?"
"..."
"Aimeudeus, aimeudeus! Ela morreu! Ela morreu!"

"Clara, eu não acredito que você ficou com ele!
"Fiquei mesmo... O que é? Me deixe, heim?"
"Ai, amiga! Olhe ali para o poste!"
"O__O"

"Você não gosta de pagode e arrocha não, é?"
"Não."
"Aff, que pessoa sem cultura! Quando eu digo que sua mente é fechada, ninguém acredita em um aluno desprivilegiado que nem eu."



Amo!!

Tuesday, December 18, 2007

Advogada, eu??

  • Comunicação e Novas Tecnologias
  • Direito Civil I
  • Ciência Política
  • História Contemporânea
  • Introdução ao Estudo do Direito
  • Ética profissional
  • Sociologia
  • Metodologia do Trabalho Científico
  • Atividades Complementares

Hum...Talvez o curso de Direito não seja tão chato assim, certo? De qualquer jeito, já estou matriculada :)

Monday, December 17, 2007

Hum...


Ahhh! Me deixe, heim?

Saturday, December 15, 2007

Lara


Parabéns para ela!
Não vou desejar todas aquelas besteiras de aniversário porque não precisa, acho que ela já sabe daquilo tudo. Certas amizades, afinal, não necessitam de palavras! E, apesar de a gente não ter se visto muito esse ano, sei que nada mudou, pois uma amizade de oito anos simplesmente não se desvanece assim, tão rapidamente...
Desejo toda a felicidade do mundo para essa garota :DD
obs: e nós vamos morar juntas em São Paulo sim, tá? ;p

Friday, December 14, 2007

Ahhhhhhhhhhhhhh!!

Vamos, procurem "Clara de Magalhães Velasco Bastos" aí :DD

http://www.fuvest.br/vest2008/listas/chamC2008.stm Jornalismo na USP

http://www.vestibular.ufba.br/docs/resultados/2008/1%20fase/30701.TXT Jornalismo na UFBA

http://www.unifacs.br/multivestibular/resultadogeral/graduacao/direito.html Direito na Unifacs

AHHHHHHHHHHHHH!!!
Tudo bem que ainda tem a segunda fase da ufba e da fuvest, mas... Cara, mesmo que eu não passe na segunda fase da fuvest, é um marco eu ter passado na primeira! Falando sério!!
Agora eu peço a licença de vocês para eu poder me achar um pouquinho ;p
E outra coisa... Meu Deus, eu odeio meu professor de História! Aquele elitista idiota, que chama povo de "canalha", fala que o Brasil é uma bosta, diz que todo pobre é burro, que todo comunista é hipócrita e vive falando latim para todo mundo achar que ele é o máximo!
Só precisava fazer esse desabafo mesmo... :)

Thursday, December 13, 2007

Insha'la!!

Ahhhhhh, finalmente achei um curso de árabe!!! *-*
Já é um bom passo para quem quer ser correspondente de guerra no Oriente Médio :D
Só não sei se vou conseguir "desenhar" isso tudo aí de cima... o.O

Wednesday, December 12, 2007

Give Me Some Truth

I'm sick and tired of hearing things from uptight, short-sighted, narrow-minded hypocritics. All I want is the truth, just gimme some truth. I've had enough of reading things by neurotic, psychotic, pig-headed politicians. All I want is the truth, just gimme some truth. No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky is gonna mother hubbard soft soap me with just a pocketful of hope. Money for dope, money for rope.
I'm sick to death of seeing things from tight-lipped, condescending, mama's little chauvinists. All I want is the truth, just gimme some truth now. I've had enough of watching scenes of schizophrenic, ego-centric, paranoiac, prima-donnas. All I want is the truth now, just gimme some truth. No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky is gonna mother hubbard soft soap me with just a pocketful of soap. It's money for dope, money for rope. Ah, I'm sick and tired of hearing things from uptight, short-sighted, narrow-minded hypocrites. All I want is the truth now, just gimme some truth now. I've had enough of reading things by neurotic, psychotic, pig-headed politicians. All I want is the truth now, just gimme some truth now...

"Give Me Some Truth", John Lennon.

Saturday, December 08, 2007

Fundamentalismo

"A vós a vossa religião e a mim a minha religião"
E depois dizem que o Islã é uma religião de fanatismo... Nao é a religião que gera o fanático, mas sim as circunstâncias. O sr. Bush que o fale.

Alcorão, 109:6.
Em falar de fanatismo e circunstâncias... Hitler, na foto, saindo de uma igreja católica.

Friday, December 07, 2007

Cidade Prevista

Guarde-me para a epopéia
que jamais escreverei.
Poetas de Minas Gerais
e bardos do Alto do Araguaia,
vagos cantores tupis,
recolhei meu pobre acervo,
alongai meu sentimento.
O que eu escrevi não conta.
O que desejei é tudo.
Retomai minhas palavras,
meus bens minha inquetação,
fazei o canto ardoroso,
cheio de antigo mistério
mas límpido e resplendente.
Cantai esse verso puro,
que se ouvirá no Amazonas,
na choça do sertanejo
e no subúrbio carioca,
no mato, na vila X,
no colégio, na vila oficina,
território de homens livres
que será nosso país
e será pátria de todos.
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos,
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade toda
que há dentro de cada um.
Uma cidade sem portas,
de casa sem armadilha,
um país de riso e glória
como nunca houve nenhum.
Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.
"Cidade Prevista", Carlos Drummond de Andrade

Thursday, December 06, 2007

Wednesday, December 05, 2007

Sem lar

-Tenho saudades de minha casa, lá na Itália.
-Também eu gostava de ter um lugarzinho meu, onde pudesse chegar e me aconchegar.
-Não tem, Ana?
-Não tenho? Não temos, todas nós, mulheres.
-Como não?
-Vocês, homens, vêm para casa. Nós somos a casa.

"O ultimo voo do flamingo", Mia Couto.

Tuesday, December 04, 2007

Eixo do Mal?

"Na partilha do Crescente Fértil, A Grã-Bretanha e a França se fizeram outorgar os territórios árabes como mandatos da recente Liga das Nações, a primeira recebendo o Iraque e a Palestina e a segunda ficando com o Líbano e a Síria. Na teoria, o mandatário era encarregado de preparar o território tutelado para uma futura autodeterminação. Porém, os beneficiários involuntários dessa imposição experimentaram uma situação de puro imperialismo.
(...)
A amargura e a raiva pelas promessas não-cumpridas de unidade e independência foram profundas; protestos e revoltas antiocidentais foram reprimidas antes que a autoridade colonial pudesse se estabelecer.
(...)
Desde essa época, o sentimento antiocidental ferveu de forma latente. (...) Desse nascimento ilegítimo dos Estados árabes, seguiu-se uma tradição de intromissão e intervenção mútua através de fronteiras consideradas -no melhor dos casos -provisórias. A proximidade linguística, religiosa e de costumes facilitava o intercâmbio de ativistas entre um Estado e outro, tendência que continua em voga até hoje.
(...)
Para manter a ordem, as potências desarmaram a maioria (sunita), e a discriminaram em favor das minorias -às vezes, armando uma para policiar as demais: assírios no Iraque, alawitas na Síria, coptas no Egito, judeus sionistas na Palestina etc.
Assim, armênios, judeus, xiitas, druzos e outros se associaram, na percepção de maioria, aos colonizadores, e se tornaram objeto do ódio da maioria: os muçulmanos. Os resultados, conflituosos, variaram. Os assírios iraquianos foram depois vitimados em pogrons, ataques físicos violentos contra minorias étnicas, enquanto os alawitas sírios tomaram o poder após a independência, mas as políticas coloniais posteriormente sempre complicaram a integração das minorias com a maioria numa nação árabe."

***
"Relatório confidencial dos serviços de inteligência americanos afirma que a guerra no Iraque contribuiu para fomentar uma nova onda de radicalismo muçulmano e aumentou a ameaça terrorista.
Intitulado “Tendências do terrorismo mundial: conseqüências para os Estados Unidos”, o relatório, que corresponde à primeira análise oficial do terrorismo mundial, foi feito por todas as 16 agências de inteligência americanas desde o início da guerra no Iraque, em março de 2003, diz o “New York Times”."
"O mundo muçulmano", Peter Demant.
Foto de ataque terrorista no Iraque.
Tirem suas próprias conclusões.

Sunday, December 02, 2007

Superstar


Every time I look at you, I don't understand
Why you let the things you did get so out of hand.
You'd have managed better if you'd had it planned.
Why'd you choose such a backward time in such a strange land?
If you'd come today you could have reached a whole nation.
Israel in 4 BC had no mass communication.
Don't you get me wrong. I only want to know.
Jesus Christ, Jesus Christ, Who are you?
What have you sacrificed?
Jesus Christ Superstar
Do you think you're what they say you are?
Tell me what you think about your friends at the top.
Who'd you think besides yourself's the pick of the crop?
Buddha, was he where it's at? Is he where you are?
Could Mohammed move a mountain, or was that just PR?
Did you mean to die like that?
Was that a mistake, or did you know your messy death would be a record breaker?
Don't you get me wrong. I only want to know.
Jesus Christ, Jesus Christ, Who are you?
What have you sacrificed?
Jesus Christ Superstar
Do you think you're what they say you are?

"Superstar", do musical "Jesus Christ Superstar", 1970
Judas (na foto) cantando para Jesus.

Saturday, December 01, 2007

Gia

Muitos são os ícones que poderiam representar bem este dia. Escolhi Gia Marie Carangi não apenas porque acho a vida dela fantástica -em ambos os sentidos, já que, segundo ela própria, viveu tanto no inferno quanto no paraíso -, mas porque Gia foi, se não me engano, a primeira mulher a ser identificada com Aids. Em uma época em que a Aids era uma incógnita e os preconceitos, muitos, Gia, antes venerada por sua beleza e sucesso como modelo, passou a ser excluída da sociedade e até mesmo de sua própria familia. Morreu em conseqüência da Aids com apenas 26 anos.

Dia Mundial da Luta contra a Aids
Cosmopolitan, April 1979

Wednesday, November 28, 2007

Encosto

Cara, imagina morar sozinha em São Paulo???
É que eu ainda não via essa possibilidade como uma... ér... possibilidade. Até esse fim de semana :)
O engraçado é que eu não me preparei para fazer fuvest. Já tinha lido os livros, mas, sei lá, sempre vi o pessoal que tenta a usp como aqueles cdfs que estudam a tarde inteira e também no fim de semana e, sabe, eu não estudei tanto assim... Na verdade, eu não estudei nada do que deveria ter estudado esse ano. Ou seja, a única explicação viável para minha pontuação na prova da fuvest é a de que um espírito inteligente baixou em mim na hora. E eu estou falando sério.
Mas vamos ver a segunda fase, certo? Daqui a pouco eu recobro minhas condições normais e faço uma prova péssima. Ou daqui a pouco o corte desse ano sobe dez questões... Ai, que orgulho desse meu espírito! Dez questões de folga na prova da fuvest *.*
Agora na ufba ninguém faz isso, né??! Não sei qual é o meu problema. A ufba é bem mais fácil do que a fuvest, então qual foi drama? Nervosismo? Saber que você -teoricamente -estudou o ano todo para fazer a prova daquele dia específico? Ou seja, se você for mal, você vai ter que passar mais um ano estudando tuuuuudo de novo e ouvindo as mesmas piadas dos professores o.O
Bah. Vestibular é uma merda. Uma merda necessária, mas tudo bem...
Mas eu só sei que, se passar em São Paulo -uma coisa difícil, pois a segunda fase deve ser cheia de coisas falando do próprio estado e talz...-, eu vou. Sinto muito, mamãe.

Wednesday, November 21, 2007

Destino?

Só porque hoje, no colégio, duas pessoas que não conheço simplesmente me cutucaram e falaram: "Oi, você vai fazer jornalismo, não é?". Quando eu perguntei como elas sabiam disso, falaram que eu tinha cara de jornalista. Cara, jeito, tudo de jornalista, até mesmo o livro que eu estava lendo ("Prisioneira em Teerã", de Marina Nemat) tinha dado essa impressão. Não sei se entendi muito bem a lógica disso, mas o que posso fazer? Fiquei muito feliz! Acho que existem coisas certas demais a ponto de transparecerem, se é que você me entende... Embora eu não seja supersticiosa para acreditar em destino. :)

E em falar em Jornalismo, eu não podia deixar de colocar a capa de uma das melhores revistas brasileiras, a Caros Amigos.

Tuesday, November 20, 2007

Lista de Livros 2007

  • Memórias da Segunda Guerra mundial - volume 2/1941-1945, Winston Churchill. *
  • Viva o povo brasileiro, João Ubaldo Ribeiro. **
  • Orgulho e Preconceito, Jane Austen. *
  • Guia essecial da bruxa solitária, Scott Cunninghan.*
  • O Ateneu, Raul Pompéia. *
  • Equador, Miguel Sousa Tavares. **
  • Memórias de uma Gueixa, Artur Golden. *
  • A menina que roubava livros, Markus Susak. **
  • A moreninha, Joaquim Manuel de Macedo. *
  • Memórias póstumas de Braz Cubas, Machado de Assis. *
  • A mão e a luva, Machado de Assis.
  • O Guarani, José de Alencar.
  • O primo Basílio, Eça de Queiroz.
  • Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida.
  • O messias de Duna, Frank Herbert. *
  • A princesa no limite, Meg Cabot.
  • Harry Potter and the deathly Hallows, J. K. Rowling (fora de ordem). *
  • A cidade e as serras, Eça de Queiroz.
  • A revolução dos bichos, George Orwell. *
  • Iracema, José de Alencar. *
  • Poemas completos de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa. *
  • A rosa do povo, Carlos Drummond de Andrade (segunda vez). **
  • A cidade do sol, Khaled Hosseini. **
  • Os filhos de Duna, Frank Herbert.

Livros que li até agora, nesse ano. A maioria foi por causa do vestibular, mas pelo menos já atingi minha cota de 24 por ano (dois por mês)!! Os livros que não gostei, assinalei com um asterisco preto ao lado, enquanto que os com asterisco vermelho são aqueles que recomendo (mais de um asterisco é porque é realmente muuuito bom :D). Os não assinalados me são indiferentes (mas não quer dizer que não são bons).

Sunday, November 18, 2007

Sonhos

"Se fosse possível a nossos olhos de carne contemplar a consciência alheia, julgaríamos com mais segurança a personalidade de um homem pelo que sonha fazer do que pelo que realmente faz. O pensamento supõe a vontade; o sonho não. O sonho que é completamente espontâneo, conserva, mesmo quando irrealizável, o perfil de nossa espiritualidade; nada sai mais diretamente e mais sinceramente do fundo de nossa alma que as nossas aspirações irrefletidas e sem limites para os esplendores do destino. Nessas aspirações, muito mais que nas idéias coordenadas, refletidas, sensatas pode encontrar-se o caráter de cada homem. Nossas quimeras são as que mais se assemelham a nós. Cada um sonha com o desconhecido e o impossível segundo a própria natureza."
***
"Logo mais, na restauração, uma bandeira tremulará em toda parte, ao lado de todas: a da Paz; um idioma se falará junto aos demais: o da Fraternidade; um ideal se fará presente no meio dos outros: o do progresso; uma Religião única estabelecerá a ponte de união entre o Homem e Deus: a do Amor Universal...."
Victor Hugo.

Friday, November 16, 2007

Um relato



"Eu me sento com as crianças. As roupas delas têm tantos buracos. Elas estão caindo aos pedaços. As crianças não têm sapatos. Eu peço ao tradutor para por favor falar, "Vocês têm passado por muita coisa. Vocês têm sido muito fortes.". Alguns sorriem. Outros inclinam a cabeça. Elas querem que eu saiba que elas faltam escola. "O que elas precisam?" "Primeiro comida e então água." "Elas têm algum remédio?" "Não." Eu noto muitos cortes. O olho de uma menina pequena está fechado e inchado como uma bola de golfe. Talvez um inseto. Nenhum médico está aqui para examinar o olho.

"Antes da luta, como era a vida de vocês?". Escola, muitas frutas. Algumas não sabem aonde os pais estão. Elas esperam que estejam vivos "em Chad ou no Oriente Médio". "Algumas de nós são orfãs vivendo com outras famílias.".

Elas me contam como foram mal-tratadas. Abda foi amarrado pelo pescoço e surrado e depois abandonado para morrer. Seu pai foi morto pelos Janjaweed. Ele tem dez anos de idade.

Elas estão preocupadas de ficar frio nos próximos dias. Eu perguntaria o que normalmente pergunto. O que você quer ser quando crescer? Ou qual o seu esporte favorito ou comida, etc. Mas perguntar a essas crianças seria cruel. Elas não têm infância e nem esperança.

Elas apertam mãos e tocam corações. Eu faço o mesmo.

Eu prometo que encontrarei um modo de ajudar, mas mesmo enquanto digo isso me sinto desamparada."

Diário da sua ida ao Sudão, por Angelina Jolie, embaixatriz da UNHCR.
Angelina conversando com mulheres refugiados no Chad, vindas de Darfur, no Sudão.

Tuesday, November 13, 2007

O ceticismo do cientista

"Volta e meia, leitores me questionam sobre o que lhes parece ser o exagerado ou pouco razoável ceticismo do cientista. As abordagens variam. Algumas vezes, acham inconsistente um cientista se dizer ateu quando não pode responder a certas questões básicas, como, por exemplo, a origem do Universo ou da vida. Dizem eles: "Vocês falam do Big Bang, o evento que iniciou tudo. Mas de onde veio a energia que provocou esse evento? Como falar de algo material surgindo do nada, sem a ação de um ser imaterial, isto é, divino?" Outras críticas dizem respeito à descrença em fenômenos paranormais, sobrenaturais, OVNIs e seres extraterrestres, espiritismo etc.
Segundo estatísticas recentes feitas pela fundação Gallup nos Estados Unidos, em torno de 50% dos americanos acreditam em percepção extra-sensorial. Mais de 40% acreditam em possessões demoníacas e casas mal-assombradas, e em tomo de 30% crêem em clarividência, fantasmas e astrologia. Não conheço estatísticas semelhantes para o Brasil, mas imagino que os números devam ser no mínimo comparáveis.
Sem a menor dúvida, a luta do cético é ingrata; ele estará sempre em minoria. Existem muito mais colunas sobre astrologia do que sobre astronomia ou ciência nos jornais e revistas do Brasil e do mundo. Mas, sem ceticismo, a sociedade estaria fadada a ser controlada por indivíduos oportunistas que se alimentam dessa necessidade muito humana de acreditar. Ela existe para todos não há dúvidas. Mesmo o cético deve acreditar no poder da razão para desvendar os muitos mistérios que existem. A paixão que o alimenta é a mesma do crente, mas direcionada em sentido oposto.
Devido a esse ceticismo, muitas vezes os cientistas (incluindo este que lhes escreve) são acusados de insensibilidade. De jeito nenhum. Eu tenho grande respeito pelos que acreditam. O que me é difícil aceitar é a exploração que existe em torno dessa necessidade, a exploração da fé. Na Índia, por exemplo, recentemente apareceram milhares de "homens-deuses", que se dizem meio deuses, meio gente. No México, funcionários do governo frequentam seminários sobre como usar o poder dos anjos. O Peru está cheio de psíquicos, enquanto na França são aromaterapeutas. Testes em laboratório visando verificar poderes extra-sensoriais invariavelmente falham.
(...)
Voltando à questão do Big Bang. A religião não deve existir para tapar os buracos da nossa ignorância. Isso a desmoraliza. É verdade, não podemos ainda explicar de forma satisfatória a origem do Universo. Existem inúmeras hipóteses, mas nenhuma muito convincente. Mesmo se tivéssemos uma explicação científica, sobraria uma outra questão: o que determinou o conjunto das leis físicas que regem este Universo? Por que não um outro? Existe aqui uma confusão sobre qual é a missão da ciência. Ela não se propõe a responder a todas as questões que afligem o ser humano.
A ciência, ou melhor, a descrição científica da natureza, é uma linguagem criada pelos homens (e mulheres) para interpretar o cosmo em que vivemos. Ela não é absoluta, mas está sempre em transição, gradativamente aprimorada pela validação empírica obtida através de observações. A ciência é um processo de descoberta, cuja língua é universal e, ao menos em princípio, profundamente democrática: qualquer pessoa, com qualquer crença religiosa ou afiliação política, de diferentes classes sociais e culturas pode participar desse debate. (Claro, na prática a situação é mais complexa. )
Ela não terá jamais todas as respostas, pois nem sabemos todas as perguntas. O cético prefere viver com a dúvida do que aceitar respostas que não podem ser comprovadas, que são aceitas apenas pela fé. Para ele, o não saber não gera insegurança, mas sim mais apetite pelo saber. Essa talvez seja a lição mais importante da ciência, nos ensinar a viver com a dúvida, a idolatrá-la. Pois, sem ela, o conhecimento não avança."

Marcelo Gleiser, "O ceticismo do cientista", Folha de S. Paulo, 16 de março de 2003.

Monday, November 12, 2007

Perpetuação?


"A Atrocidade é reconhecida como tal igualmente por aquele que a sofre como por aquele que a comete, e por todos que dela tomam conhecimento em qualquer lugar. Não existem desculpas para a atrocidade, nenhum argumento que a alivie. A atrocidade nunca equilibra ou corrige o passado. Meramente prepara o futuro para mais atrocidades. Ela é autoperpetuadora... uma forma bárbara de incesto. Quem quer que cometa atrocidades torna-se também responsável pelas futuras atrocidades assim geradas."

" Os Apócrifos do Muad'Dib", em "Os Filhos de Duna", Frank Herbert.
Campo de refugiados afegão no Paquistão.

Saturday, November 10, 2007

E justifica?

Pequena. É exatamente assim que eu me sinto diante de tudo isso.
É tanta morte, tanta dor, tanto sofrimento... Por que essas coisas acontencem? O que leva um homem a machucar outro? Nossa, eu juro que não sei. E essa pergunta pode parecer clichê de sentimentalistas por aí, mas é que ela não sai de minha cabeça. Afinal, todos já sentiram dor. E não gostaram.
Como não acredito em maniqueísmo, essa reposta de que é porque existem homens cruéis não me satisfaz. Eu também posso ser uma pessoa cruel às vezes. Mas também posso ser boa e posso não ser nada, então não acredito em pessoas naturalmente boas ou naturalmente más. Hitler, por exemplo, não era um demônio, como muitos gostam de falar, mas um homem. Talvez um homem com mais problemas do que a maioria de nós; ele teve uma vida difícil em um país acabado pela guerra, aonde as pessoas, que haviam sido criadas para acreditar em sua superioridade, não acreditavam em mais nada, nem nelas mesmas. Viveu horrores no exército, passou por miséria e teve seu sonho rejeitado duas vezes -não conseguiu entrar para a escola de artes, rejeitado em ambas as vezes por um professor judeu, a propósito. Hitler, porém, encontrou o seu refúgio: a ideologia nazista. Ela lhe explicava o porquê de tudo que lhe acontecera: a sua miséria, a derrota ariana, o fracasso de sua vida. E ele, obviamente, agarrou-se a ela com fervor, como um velho no final da vida que passa a acreditar em Deus e paraíso apenas para continuar a viver. O problema com Hitler foi que ele teve poder demais em suas mãos. Poder demais, raiva demais, ódio demais. E as pessoas acreditaram nele.
A vida de Hitler, suas derrotas, traumas, problemas -mentais ou não-, porém, não justificam o que ele fez. Não justificam os seis milhões de judeus mortos, nem mais uns três de ciganos, negros e homossexuais. Nem também os 25 milhões de russos mortos. Mas eu quero chegar justamente nesse ponto: ele fez o que fez porque pôde fazer e tinha apoio para tal. Apoio popular -por pessoas alienadas pela fome, pelo patriotismo, pelo sonho de glória, pela força de um líder em um país destruído. Se o partido Nacional-socialista não tivesse crescido tanto, nada disso teria acontecido. Portanto, passando já para a esfera atual, será que nós concordamos e ajudamos a realizar toda essa miséria, carnificina, morte, dor e fome? Esses líderes -donos de corporações, presidentes, políticos, guerrilheiros, reis, ditadores... - apenas massacram e destróem porque tem o nosso apoio ou a nossa negligência?
Ainda pensando em Hitler, também não acredito que cada um desses homens por aí seja alienado por uma ideologia e tenha tido uma vida difícil -que, repito, mesmo assim, não justifica, já que muitos de nós também tiveram uma vida difícil e ainda conseguiram agir com ethos civilizacional, tendo poder ou não nas mãos. Sei, porém, que uma das forças mais poderosas do mundo pode fazer o homem negar a sua humanidade e realizar qualquer tipo de barbárie, e essa força é a ganância. Ou ambição, se preferir. É ela que cega um homem a ponto de matar um irmão de fome, deixá-lo viver em condições sub-humanas, sem educação, água, comida. É ela também que joga bombas ao redor do mundo, em busca de mais e mais riqueza, indiferente se está matando pessoas ou não. A ganânca é a responsável pela decadência da humanidade.
Mas não gosto da palavra "cegar". Acredito que, hoje, ninguém é mais ingênuo para ignorar as consequências de seus atos. Também não são ingênuos os que percebem esses atos e não fazem nada. Nós sabemos. Quem hoje acredita que existam bombas de destruição em massa no Iraque? Ou que havia milhares de campos de treinamentos terroristas no Afeganistão - e mesmo que existissem, todos nós sabemos o porquê dessa existência, e o que a causou (sem, novamente, justificar nada) - e que Bin Laden estava lá? Quem acredita que os exércitos internacionais e os grupos de ajuda apenas não entram em determinados locais da África porque é inviável ou porque o governo local é corrupto ou totalitarista? Quem ainda acha que na favela só tem bandido, e que nossa polícia pode, por isso, já chegar atirando lá? Quem cai na ladainha de que em Cuba só tem miséria e pobreza? Quem? Ou será que estou enganada?
Ah, sabe de uma? Não sei. E às vezes dá vontade de desistir, de deixar tudo de lado, de esquecer o resto do mundo e ir viver minha vida. Bem que eu queria isso, talvez eu fosse mais feliz, não é? Mas não consigo. Não consigo não pensar nos milhares de africanos que estão morrendo de fome nesse exato minuto. Nas crianças de todo o mundo, perecendo de doenças que já deixaram de exitir em países mais ricos. Nos nossos favelados, sem uma oportunidade de acabar com o ciclo vicioso -e imposto -do pobre de ser também pobre e analfabeto. Nas mulheres árabes, africanas, asiáticas, americanas, todas as mulheres que são criadas para crer que são inferiores por serem mulheres, e não podem mostrar seus rostos, não podem ter prazer e não podem ter vida própria, que são surradas pelos maridos, que recebem salários mais baixos. Pode me chamar de assistecialista, mas se eu pudesse -e soubesse como e tivesse a coragem -para ajudar todos eles, eu ajudaria.
Você também tem o direito de achar isso uma bobagem. Ou de não achar nada, sei lá. É só uma viagem de uma menina de 17 anos.

Saturday, October 13, 2007

Elogio do aprendizado


Aprenda o mais simples
Para aqueles cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas aprenda!
Não desanime! Comece!
É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!
Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Frequente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando!
Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer!
Veja com seus próprios olhos!
O que não sabe por conta própria, não sabe.
Verifique a conta. É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item!
Pergunte: o que é isso?
Você tem que assumir o comando.

"Elogio do aprendizado", de Bertold Brecht
Existe um foto mais linda do que essa?

Saturday, September 29, 2007

Wednesday, September 26, 2007

Análise histórica

Segundo o dicionário Houiass da Língua Portuguesa, "selvagem" é aquele "que habita as selvas, que" vive longe da civilização, ou "que manifesta crueldade, furor". Diante desses conceitos, quem são os verdadeiros selvagens da História do Brasil, os índios ou os europeus?
Em pleno processo de expansionismo territorial, foi papel da cultura européia do século XV preencher as lacunas ideológicas que faltavam para justificar as invasões em novas terras. Nesse contexto, o termo "selvagem" adquiriu o seu significado primário, que posicionava os moradores de localidades desconhecidas como não civilizados e que precisavam da intervenção européia. Estes geralmente moravam na selva, formando o estereótipo do selvagem indígena.
Na medida em que os portugueses pisaram em futura terra brasileira, como possuiam os conceitos da atual cultura ocidental, os selvagens eram, de fato, os indígenas, que habitavam cabanas de palha e eram nômades. Afinal, foram os europeus que trouxeram a modernidade e o resultado de muitos séculos de pesquisas científicas para a terra, transformando-a em país, Brasil.
Os portugueses, porém, também trouxeram doenças e degradação aos índios e à terra. Mataram milhões, devastaram, estupraram, roubaram e destruíram uma cultura milenas e tão evoluída como a deles, já que há culturas diferentes, mas de igual valor. Assim, o termo "selvagem" adquiriu sei sentido pejorativo, e o que foi criado para os índios, ditos "básbaros" e irracionais, passou a designar os portugueses.
Levando em consideração as duas definições do termo "selvagem" na História moderna e crítica, entretanto, apenas uma é válida. Isso porque, quando se refere as índios, essa palavra traz a idéia de que estes vivem longe da civilização enquanto que eles próprios formam uma civilização. Afinal, têm culturas próprias, bem como idiomas e modo de produção. Enquanto que, no passado, era válido, o índio selvagem, nesse sentido, já não o é mais.
Assim, fazendo uma análise histórica, humanista e gramatical, os verdadeiros selvagens da História brasileira são os portugueses, que deturparam o futuro dos índios dessa terra chamada Brasil, e cujos traços de violência perduram até hoje.

Sunday, September 23, 2007

Cidade nossa de cada dia

"E se ao menos essa ilusão da Cidade tornasse feliz a totalidade dos seres que a mantêm... Mas não! Só uma estreita e reluzente casta goza na Cidade os gozos especiais que ela cria. O resto, a escura, imensa plebe, só nela sofre, e com sentimentos especiais que só nela existem! (...) Ai jaz, espalhada pela cidade, como esterco vil que fecunda a cidade. Os séculos rolam; e sempre imutáveis farrapos lhe cobrem o corpo, e sempre debaixo deles, através do longo dia, os homens labutaram e as mulheres chorarão. E com este labor e este pranto dos pobres, meu Príncipe, se edifica a abundância da Cidade! Ei-la agora coberta de moradas em que eles se não abrigam; armazenada de estofos, com que eles se não agasalham; abarrotada de alimentos, com que eles se não saciam! Para eles só a neve, quando a neve cai, e entorpece e sepulta criancinhas aninhadas pelos bancos das praças ou sob os arcos das pontes de Paris... A neve cai, muda e branca na treva; as criancinhas gelam em seus trapos; e a polícia, em torno, ronda atenta para que não seja pertubado o tépido sono daqueles que amam a neve, para patinar nos Bosques de Bolonha com peliças de trés mil francos. Mas quê, meu Jacinto! A tua Civilização reclama insaciavelmente regalos e pompas , que só obterá, nessa amarga desarmonia social, se o capital der ao trabalho, por cada arquejante esforço, uma migalha ratinhada. Irremediável é, pois, que incessantemente a plebe sirva, a plebe pene! A sua enfaldada miséria é a condição do esplender sereno da Cidade."


"A Cidade e as Serras", Eça de Queirós.

Saturday, September 22, 2007

A hipocrisia nossa

Homem matando homem. Torturando. Assassinando. Ou esquecendo. Afinal, todos têm a mesma consequência, não é? A morte, a miséria, a fome, a dor... Mas quantas vidas ainda terão que ser ceifadas para que o homem note que o mundo precisa de ajuda? Que os outros homens precisam de ajuda?
Isso é quase irônico de minha parte. Quase não: é irônico. Pois quem mata e tortura não se importa se a vítima está sofrendo. Na verdade, acho que o objetivo é justamente esse, o de que aquela pessoa sofra mesmo, desapareça e pare de aparecer nos jornais e revista para nos lembrar de que não estamos sozinhos... Para nos lembrar de que estamos bem, mas elas não. Ninguém quer sofrer, não é verdade? Então é até melhor que elas morram mesmo para parar de nos encher de remorso de estarmos levando a vida tão confortavelmente....
Outra ironia minha. Quem mata, não sente remorso -ou pelo menos não deveria sentir. Mas, sabe, é até legal que a gente mostre que se importa com o mundo. Está na moda, não é? Faz você parecer uma pessoa menos... vazia. Faz um discurso emocionante em um jantar com uns amigos, até simula uma lágrima ou duas. Depois, todos lhe olham admirados: "Ela se importa", pensam. Ela se importa.
Mas não se importe: esqueça mesmo. Esqueça, quem se importa se tem gente morrendo por aí? Não é sua mãe! Nem nenhum parente seu. É só um homem ou uma mulher qualquer... Talvez uma criança, criança essa que já tinha sua vida demarcada mesmo antes do seu nascimento: ela nasceu sem destino, nasceu para sofrer. Talvez tenha nascido para lhe deixar um pouco triste por uma hora ou duas, depois que você viu o corpo dela estirado em alguma rua no noticiário...
Nossa, eu estou extremamente ingênua hoje. Você não vai ficar triste, não é verdade? É claro que não! Afinal, quantas pessoas já morreram hoje que você ouviu falar? As cifras já ficaram tão comuns que as pessoas nem se importam mais: mil alí no Oriente Médio, mais umas 400 na Chechênia, talvez umas dez mil na África... É normal, as pessoas teriam que morrer algum dia mesmo, certo? E não há nada que você possa fazer para evitar isso... Afinal, quem é que vai parar para pensar que, por trás de cada número, há uma infinidade de vidas? Que cada unidade dos milhares de mortos representam uma pessoa, com toda a sua complexidade? Que aquela pessoa tinha sonhos -talvez de ser jornalista, médico, professor -, tinhas hobbies e a mesma capacidade de pensar e sentir que você? Que era a mãe de alguém, a irmã, o pai, o marido... Quem se importa?
A questão é: como elas morreram? De que doença, com qual arma? De fome, talvez? Agora, porque uma pessoa morreria de fome em uma planeta tão farto? É, isso mesmo, eu disse farto, e acho que já está na hora de você parar de se enganar ao pensar que, como os recursos naturais estão se esgotando, não tem mais comida e água para essas pessoas. Tem sim, e muita, o problema é que elas não são importantes nem politica, nem economicamente para aqueles que tem o poder de lhes fornecer água e comida. Ou casa, se você for analisar melhor. Casa, remédio, escola, lazer... Tudo o que uma pessoa normal, como você e eu, tem. O problema é que elas são inválidas no grandioso trabalho de obtenção de riqueza.
Mas sim! Talvez você já tenha tido sua cota de se preocupar com o mundo hoje. Ou talvez você nem tenha se precocupado, não é? Talvez você seja o assassino, o torturador, ou até o, digamos "esquecedor", e você não pode, não se esqueça, sentir remorsos. Eles que sofram bem longe de nós. Bem longe e, de preferência, silenciosamente.

Não é preciso muito para ajudar, lembre-se disso.
Apenas um pouco de humanidade.

Sunday, September 02, 2007

Animais de Produção

Bilhões de animais de produção são criados atualmente em fazendas industriais. Presos em gaiolas apertadas e super-lotadas, os animais são forçados a crescer num ritmo extremamente rápido, para garantir aos fazendeiros lucro crescente e incessante na produção de ovos, carne e leite. A WSPA trabalha para acabar com o sofrimento desses animais.
A campanha Bem-Estar dos Animais de Produção da WSPA foi desenvolvido para garantir melhores condições de vida aos animais de fazenda em todo o mundo. Principalmente na Ásia e na América do Sul - áreas de grande crescimento da agricultura industrial.
Gaiolas de Poedeiras
Quase todas as 5,6 bilhões de galinhas poedeiras do mundo estão presas dentro de pequenas gaiolas. Sem espaço sequer para baterem as asas estas galinhas não conseguem produzir ninhos e seus ossos ficam tão fracos que podem quebrar por qualquer movimento mais brusco.
Porcas Gestantes
As porcas gestantes são presas em “gaiolas-maternidade”. Esse sistema mantém as porcas em espaços tão apertados que elas não conseguem se exercitar e nem mesmo se virar durante a gestação que dura 16 semanas. Quando estão prontas para o parto, são levadas às celas-parideiras, igualmente restritivas.
Frangos
Milhares de frangos para abate são entulhados nos galpões das fazendas industriais. Eles não são engaiolados, mas a concentração de pássaros é tão alta que cobre todo o espaço dos galpões. Além disso, o crescimento controlado por hormônios é tão acelerado que seus ossos, cérebro, coração e pulmão não conseguem acompanhar o metabolismo do corpo. Antes de serem abatidos (o que ocorre entre a sexta e a sétima semana de vida), esses pássaros são submetidos a ferimentos dolorosos e debilitantes. Vários morrem por parada cardíaca. Atualmente, mais de 20 bilhões de frangos para abate são criados em todo o mundo.
Agropecuária: estilo industrial
Na Ásia e na América é comum criar gado para abate em grandes propriedades - criação extensiva. Muitas cabeças de gado saturam um reduzido espaço, criando grande risco de doenças pela grande quantidade de dejetos que podem poluir o campo.
Na América do Norte e em partes da Ásia as vacas leiteiras nunca pastam. Elas são mantidas em sistemas de “pastagem-zero”, em que a ração é trazida aos animais. O sistema metabólico do animal não consegue acompanhar a superprodução de seus úberes. O esforço excessivo do animal resulta em problemas podológicos e articulatórios, úberes com infecções dolorosas e doenças metabólicas.
Peixe
A produção industrial também chegou à piscicultura. Milhares de peixes podem ser apertados dentro de uma jaula marítima ou lagoa, causando estresse e deixando-os mais suscetíveis a doenças. O abate geralmente não é humanitário.
Engenharia Genética
Por meio de alterações genéticas, os animais crescem de forma acelerada, ficam maiores, menos gordurosos e produzem mais leite. Geram lucro a despeito das consequências negativas que o uso de hormônio traz a saúde destes animais e à saúde humana.
Não só animais são afetados
A segurança alimentar é posta em xeque quando os animais são mantidos em sistemas intensivos de produção. A superlotação nas fazendas industriais cria o ambiente ideal para a propagação de doenças. Para tratar e conter essas doenças, os criadores lançam mão de uma diversa combinação de medicamentos.
A agricultura industrial também vem causando danos ao meio-ambiente, com o grande uso de fertilizantes químicos e pesticidas, tornando o solo infértil e ameaçando a fauna silvestre local.




Bem-Estar Animal

A Sociedade Mundial de Proteção Animal- WSPA lançou em junho de 2006 um importante documento para estabelecer critérios uniformes para a proteção dos animais em todo o mundo. Trata-se da Declaração Universal de Bem-Estar Animal. O documento integra a campanha da WSPA “Para mim os animais importam” e estabelece diretrizes básicas de bem-estar, reconhecendo os animais como seres senscientes, e sua proteção como importante meta para o pleno desenvolvimento social das nações de todo o mundo.
O objetivo é recolher 10 milhões de assinaturas pelo mundo e encaminhar o documento à ONU. Com isso, a WSPA pretende garantir métodos efetivos para livrar dos maus-tratos bilhões de animais em todo o mundo, criando normas e padrões a serem seguidos por todos os países- membros da ONU.
Durante o lançamento oficial do documento - que ocorreu no simpósio de afiliadas da WSPA, em Londres -, Noah Wekesa, ministro da Educação, Ciência e Tecnologia do Quênia disse que, apesar das diferenças sociais, econômicas, religiosas e culturais, é dever de cada sociedade cuidar e tratar dos animais de forma humana e sustentável.
Nesse sentido, a Declaração estabelece o direito à vida, destacando a presença humana como parte de um ecossistema que deve ser reconhecido e respeitado para que haja harmonia e equilíbrio entre as sociedades. Algumas das emendas propostas estabelecem que o bem-estar dos animais inclui zelar pela saúde deles, que os veterinários possuem um papel essencial na manutenção da saúde e do bem-estar desses animais; que os humanos partilham o planeta com outras espécies e formas de vida, co-existindo num ecossistema interdependente; e que é de extrema importância o trabalho contínuo da Organização Mundial para a Saúde Animal na criação de normas globais que assegurem o bem-estar animal.
site pra assinar o abaixo assinado: http://www.animalsmatter.org/
Atualmente, já são 500 mil assinaturas :)

Friday, August 31, 2007

Frida


"As duas Fridas", Frida Kahlo

Wednesday, August 29, 2007

Give me some truth

I'm sick and tired of hearing things from uptight, short-sighted, narrow-minded hypocritics. All I want is the truth, just gimme some truth. I've had enough of reading things by neurotic, psychotic, pig-headed politicians. All I want is the truth, just gimme some truth. No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky is gonna mother hubbard soft soap me with just a pocketful of hope. Money for dope; money for rope.
I'm sick to death of seeing things from tight-lipped, condescending, mama's little chauvinists. All I want is the truth, just gimme some truth now. I've had enough of watching scenes of schizophrenic, ego-centric, paranoiac, prima-donnas. All I want is the truth now, just gimme some truth. No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky is gonna mother hubbard soft soap me with just a pocketful of soap. It's money for dope; money for rope.


"Give me some truth", John Lennon

Sunday, August 26, 2007

Vocação

O jornalismo, ser repórter, é como uma missão de vida para você?
Penso que o jornalismo deve ser uma vocação, não apenas um emprego como trabalhar em um banco ou servir café. Se o seu objetivo é apenas ganhar dinheiro, pagar as contas, comprar casas e mandar as crianças para a escola, então você não fará o seu trabalho de maneira correta. O medo de ficar desempregado estará sempre à sua volta. Para fazer um bom trabalho é preciso dizer: "Isto é mais importante do que ganhar dinheiro". Um milhão de pessoas estão lendo o que você escreve - tomara!... Você é responsável por fazer a coisa certa, por transmitir a realidade do que está acontecendo, mesmo que as pessoas não gostem de você e do seu trabalho. Essa não é uma relação mercadológica.
O que você acha sobre a afirmação de que para ser um bom jornalista é necessário ser parcial, assumir uma posição?
Eu não acho que você precisa assumir uma posição. Acho que o jornalista tem que simpatizar com as pessoas oprimidas, com os que estão sofrendo e com as vítimas das injustiças. As pessoas dizem: "Você tem que ser objetivo". Não tem! Se você estivesse noticiando o tráfico de escravos no século 18, não daria espaço igual ao capitão do navio negreiro; se estivesse presente na liberação dos prisioneiros de um campo de concentração nazista, não daria espaço igual aos representante da SS, você entrevistaria os judeus sobreviventes que quase morreram lá. (...) O Oriente Médio não é um campo de futebol, é uma tragédia humana em massa e acho que os jornalistas deveriam enfatizar e mostrar o sentimento deles pelas pessoas que são as vítimas, incluindo os israelenses.
Robert Fisk, correspondente de guerra no Oriente Médio para o Independent
Entrevistado para a revista Caros Amigos, agosto de 2007.

Saturday, August 18, 2007

Qual é o limite?

Assaltos, estupros, massacres, genocídios. Assim caminha a humanidade.
Haverá limite?
Estaremos todos anestesiados?
A morte pela violência já não sensibiliza...
Centenas de milhares de vidas ceifadas!
Um fato corriqueiro. Um número.
São os estertores de um sistema putrefato.
Iraque, Afeganistão, Palestina...
É o ocaso de um sistema podre que não oferece mais nada.
África dizimada pela fome e pela doença. Olhe-se no espelho...
É o crepúsculo de um sistema que não aceita caminhar sozinho para o ralo.
O aluno que dispara contra os colegas.
O recado está dado!
É o salve-se-quem-puder.
Mas eis que ele surge alvo e radioso, para nos honrar com sua presença.
A ele, satificado seja, as iguarias que poderiam saciar a quem tem fome, a quem tem sede.
A ele, leitos de seda.
Confortar a quem? A ele primeiro.
Ele é único?
Olhem para Meca e abençoem Somália.
Mirem Israel e guardem suas gravatas.
É isso que nos reserva a religião?
Alguém já escreveu isso antes e eu repito.
O capitalismo matou os anjos! Agora são os demônios que falam em nome de Deus!

"Qual é o limite?", Georges Bourdoukan
"Caros Amigos", maio de 2007

Sunday, August 12, 2007

Me And Bobby McGee

Busted flat in Baton Rouge
Waitin' for a train
When I's feelin' near as faded as my jeans
Bobby thumbed a diesel down
Just before it rained
He rode us all the way to New Orleans
I pulled my harpoon
Out of my dirty red bandana
I was playin' soft while Bobby sang blues
Windshield wipers slappin' time
I was holdin' Bobby's hand in mine
We sang every song that driver knew
Freedom's just another word for nothin' left to lose
Nothin', I mean nothin' hon' if it ain't free
Yeah, feelin' good was easy Lord, when he sang the blues
Yeah, feelin' good was good enough for me
Good enough for me and my Bobby Mcgee
From the Kentucky coal mines
To the California sun
Yeah, Bobby shared the secrets of my soul
Through all kinds of weather
Through everything that we done
Hey, Bobby baby kept me from the cold
One day up near Salinas, Lord
I let him slip away
He's lookin' for that home, and I hope he finds it
Well, I'd trade all o' my tomorrows
For one single yesterday
To be holdin' Bobby's body next to mine
Freedom's just another word for nothin' left to lose
Nothin', an' that's all that Bobby left me, la da
Oh, feelin' good was easy, Lord, when he sang the blues
Yeah, feelin' good was good enough for me, oo oo
Good enough for me and my Bobby Mcgee
Lord, I called him my lover
I called him my man
I said I called him my lover did the best I can, c'mon
Hey, hey, hey Bobby McGee, yeah

"Me and Bobby McGee", Janis Joplin

Wednesday, July 25, 2007

A razão


Death is but crossing the world, as friends do the seas; they live in one another still. For they must needs be present, that love and live in that which is omnipresent. In this divine glass, they see face to face; and their converse is free, as well as pure. This is the comfort of friends. that though they may be said to die, yet their friendship and society are, in the best sense, ever present, because immortal.

"More fruits of Solitude", William Penn

I love you now; I love you always.

Sunday, July 22, 2007

E o carlismo, morreu também?

ACM morreu.












eu realmente preciso fazer mais algum comentário?

;p

Tuesday, July 17, 2007

Racismo é burrice.

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano. "O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar".
Racismo, preconceito e discriminação em geral; é uma burrice coletiva sem explicação. Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união, mas demonstra claramente, infelizmente, preconceitos mil de naturezas diferentes? Mostrando que essa gente, essa gente do Brasil é muito burra e não enxerga um palmo à sua frente... Porque se fosse inteligente, esse povo já teria agido de forma mais consciente, eliminando da mente todo o preconceito e não agindo com a burrice estampada no peito.
A "elite", que devia dar um bom exemplo, é a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento num complexo de superioridade infantil ou justificando um sistema de relação servil. E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação... Não tem a união e não vê a solução da questão, que, por incrível que pareça, está em nossas mãos. Só precisamos de uma reformulação geral, uma espécie de lavagem cerebral.
Racismo é burrice. Não seja um imbecil. Não seja um ignorante. Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante. O quê que importa se ele é nordestino e você não? O quê que importa se ele é preto e você é branco? Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil, somos todos mestiços. Se você discorda, então olhe para trás; olhe a nossa história, os nossos ancestrais. O Brasil colonial não era igual a Portugal: a raiz do meu país era multirracial. Tinha índio, branco, amarelo, preto... Nascemos da mistura, então por que o preconceito? Barrigas cresceram, o tempo passou. Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor. Uns com a pele clara, outros mais escura, mas todos viemos da mesma mistura. Então presta atenção nessa sua babaquice, pois como eu já disse, racismo é burrice.
Dê a ignorância um ponto final: faça uma lavagem cerebral. Racismo é burrice. Negro e nordestino constróem seu chão; trabalhador da construção civil conhecido como peão. No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia é revistado e humilhado por um guarda nojento, que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós. Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói.
O preconceito é uma coisa sem sentido. Tire a burrice do peito e me dê ouvidos. Me responda se você discriminaria o Juiz Lalau ou o PC Farias... Não, você não faria isso não! Você aprendeu que preto é ladrão. Muitos negros roubam, mas muitos são roubados, e cuidado com esse branco aí parado do seu lado, porque se ele passa fome... Sabe como é: ele rouba e mata um homem, seja você ou seja o Pelé. Você e o Pelé morreriam igual, então que morra o preconceito e viva a união racial.
Quero ver essa música você aprender e fazer a lavagem cerebral. Racismo é burrice. O racismo é burrice, mas o mais burro não é o racista; é o que pensa que o racismo não existe. O pior cego é o que não quer ver, e o racismo está dentro de você. Porque o racista, na verdade, é um tremendo babaca que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca. E desde sempre não pára pra pensar nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar. E de pai pra filho o racismo passa em forma de piadas que teriam bem mais graça se não fossem o retrato da nossa ignorância transmitindo a discriminação desde a infância. E o que as crianças aprendem brincando é nada mais nada menos do que a estupidez se propagando.
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica. Ninguém explica! Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo, que é uma herança cultural. Todo mundo que é racista não sabe a razão, então eu digo: meu irmão, seja do povão ou da "elite", não participe, pois, como eu já disse, racismo é burrice. Racismo é burrice, e se você é mais um burro, não me leve a mal: é hora de fazer uma lavagem cerebral. Mas isso é compromisso seu, eu nem vou me meter. Quem vai lavar a sua mente não sou eu, é você.


"Racismo é burrice", Gabriel, o pensador.

Friday, July 13, 2007

Rock'n Roll!

Feliz dia do Rock ;p
And Billie, keep rocking!
:)

Thursday, July 05, 2007

A propósito de botas


"(...)Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro. Enquanto esta idéia me trabalhava no famoso trapézio, lançava eu os olhos para a Tijuca, e via a aleijadinha perder-se no horizonte do pretérito, e sentia que o meu coração não tardaria também a descalçar as suas botas. E descalçou-as o lascivo. Quatro ou cinco dias depois, saboreava esse rápido, inefável e incoercível momento de gozo, que sucede a uma dor pungente, a uma preocupação, a um incómodo...Daqui inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos fenómenos, porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião de comer, e não inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a felicidade terrestre. Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas."

"Memórias Póstumas de Braz Cubas", Machado de Assis
"Par de botas", Vincent Van Gogh

Monday, July 02, 2007

Burguesia

A burguesia fede. A burguesia quer ficar rica. Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia. A burguesia não tem charme, nem é discreta. Com suas perucas de cabelos de boneca... A burguesia quer ser sócia do Country. A burguesia quer ir a New York fazer compras.
Pobre de mim, que vim do seio da burguesia... Sou rico, mas não sou mesquinho. Eu também cheiro mal, eu também cheiro mal.
A burguesia tá acabando com a Barra. Afunda barcos cheios de crianças e dormem tranqüilos... e dormem tranqüilos. Os guardanapos estão sempre limpos, as empregadas, uniformizadas. São caboclos querendo ser ingleses, são caboclos querendo ser ingleses.
A burguesia fede. A burguesia quer ficar rica. Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia. A burguesia não repara na dor da vendedora de chicletes. A burguesia só olha pra si, a burguesia só olha pra si. A burguesia é a direita, é a guerra.
A burguesia fede. A burguesia quer ficar rica. Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia.
As pessoas vão ver que estão sendo roubadas. Vai haver uma revolução ao contrário da de 64. O Brasil é medroso. Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia. Vamos pra rua! Vamos pra rua! Pra rua, pra rua...
Vamos acabar com a burguesia. Vamos dinamitar a burguesia. Vamos pôr a burguesia na cadeia, numa fazenda de trabalhos forçados. Eu sou burguês, mas eu sou artista. Estou do lado do povo, do povo!
A burguesia fede. A burguesia quer ficar rica. Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia.
Porcos num chiqueiro são mais dignos que um burguês. Mas também existe o bom burguês, que vive do seu trabalho honestamente. Mas este quer construir um país e não abandoná-lo com uma pasta de dólares. O bom burguês é como o operário; é o médico que cobra menos pra quem não tem, e se interessa por seu povo... Em seres humanos vivendo como bichos, tentando te enforcar na janela do carro no sinal, no sinal...
A burguesia fede. A burguesia quer ficar rica. Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia.
E eu também cheiro mal...
"Burguesia", Cazuza.

Thursday, June 28, 2007

Pois é...

Puta merda, se eu quiser sair com minha blusa vermelha com a foto de Che, minha boina preta e uma Caros Amigos debaixo do braço, eu saio, ora! Não era a minha professora de História que me chamava de revolucionária anarquista?!

E isso vindo de minha própria mãe...
só porque eu me recuso a ler Veja. -_-'
Che Guevara e Fidel Castro

Tuesday, June 26, 2007

Relato de Morte

Primeiro, as cores. Depois, os humanos.
Em geral, é assim que vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento.

EIS UM PEQUENO FATO
Você vai morrer

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável.E, esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.
A Morte fala, em "A menina que roubava livros", Markus Zusak

Thursday, June 21, 2007

Por que eu amo meu país

Quando eu era pequena, costumava cantar o Hino Nacional toda segunda-feira, na escola. Passado um tempo, só usava o verde e amarelo em época de copa. Depois, percebi que as pessoas preferiam usar a bandeira de outros países do que a do Brasil. Foi assim, vendo a carência de meu país, que aprendi o porquê de amá-lo.
Amar o Brasil não é apenas se deleitar com suas praias paradisíacas, seu alegre carnaval e seu sucesso no futebol; é também conhecer a sua miséria e, mesmo assim, continuar a amá-lo. Com isso, deixei de lado minha euforia patriótica à cada vez que a seleção fazia um gol por um sentimento mais profundo, porque sei que amar o Brasil não é apenas meu dever de brasileira, mas também é necessário.
O Brasil precisa de mim. Em um país tão grande aonde as pessoas se unem para conseguir terra; tão farto, mas que não fornece alimento a sua população; tão rico, que deixa seus filhos nas favelas, é óbvio que algo está muio errado. Assim, eu não quero me juntar ao extenso grupo de brasileiros que odeia o Brasil -apesar de saber que seria muito mais fácil - porque sei que posso ajudar o meu país, que posso contribuir. E para fazer essa diferença, eu o amo.
Não vou embora do Brasil mesmo se tiver oportunidade; não vou fugir. Não vou apenas me zangar ao ver as desigualdades do país, vou também enxergar a chance de mudar a situação. Não vou falar que os brasileiros são preguiçosos e acomodados, vou falar que estão cansados de sofrer. E não vou, antes de tudo, dizer que odeio o meu país, porque sei que devo amá-lo.

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

Monday, June 18, 2007

1977

Marky Ramone, Sid Vicious e Nancy Spungen

Saturday, June 16, 2007

Vozes d'África

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
-Infinito: galé! ...
Por abutre - me deste o sol candente,
E a terra de Suez - foi a corrente
Que me ligaste ao pé...
(...)
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.
(...)
A Europa é sempre Europa, a gloriosa! ...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista - corta o mármor de Carrara;
Poetisa - tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!
(...)
Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...
(...)

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!
(...)
Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir - Judeu maldito -
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa - arrebatada -
Amestrado falcão! ...
(...)

Hoje em meu sangue a América se nutre
Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.

Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

Vozes d'África, Castro Alves

Thursday, June 14, 2007

Sayuri

"Mas agora sei que o nosso mundo não é mais permanente do que uma onda a erguer-se no oceano. E quaisquer que sejam nossas lutas e triunfos, como quer que os possamos sofrer, muito rapidamente se dissolvem todos numa aguada, como a tinta de pintar no papel."
"Memórias de uma Gueixa", Arthur Golden

Tuesday, June 12, 2007

Girls Just Wanna Have Fun


I come home in the morning light. My mother says "when you're gonna live your life fine?". Oh mother dear, we're not the fortunate ones! And girls, they wanna have fun. Oh girls just wanna have fun! The phone rings in the middle of the night. My father yells "what you're gonna do with your life?" Oh daddy dear, you know you're still number one! But girls, they wanna have fun. Oh girls just wanna have... That's all they really want, some fun. When the working day is done, oh girls... they wanna have fun. Oh girls just wanna have fun! Some boys take a beautiful girl and hide her away from the rest of the world. I wanna be the one to walk in the sun! Oh girls, they wanna have fun. Oh girls just wanna have... That's all they really want, some fun. When the working day is done, oh girls... they wanna have fun. Oh girls just wanna have fun!

Cyndi Lauper - Girls Just Wanna Have Fun