Wednesday, May 19, 2010

Confissões de um (in)conformado

Eu lembro quando eu costumava brigar por tudo. Qualquer coisa que eu achasse injusta ou que me ofendesse era motivo para eu me exaltar e me defender. E costumava pôr toda a minha alma naquelas discussões.

Até que meu pai me disse para parar com isso. Aquilo estava me fazendo mal, e eu sabia que era verdade de uma maneira não apenas mental, mas física. Comecei a tomar remédios e me resignei. Deixei de ser minha mãe, sempre explosiva, para ser meu pai, calmo e conformado -e, no meu caso, dopado.

E continuo assim até hoje. Ainda mais depois daquilo -como aquilo me mudou, e de um jeito tão profundo que, em vários momentos do dia, eu não me reconheço. E me sobe uma dor tão forte na garganta depois de cada momento impróprio - e a dor é de saber que não sei mais agir daquele jeito intempestivo, que não sei mais me defender e discutir com os outros.

Sim, tem um lado bom em ser assim, mas o melhor mesmo seria um meio termo. Porque o que sou agora me abala tanto quanto o que eu era antes. Cada palavra que machuca, cada ação que fere vai se juntando como pequenas bolinhas de ferro na garganta, e no fim pesam tanto que não consigo nem chorar.

E a decepção é tanta - comigo e com os outros - que o desespero me abate às vezes.

O que eu me tornei? E o que as pessoas próximas a mim se tornaram e se tornam a cada dia com esse meu silêncio?