Tuesday, January 29, 2008

Correções alheias

"E, além do mais, ainda ficava fazendo caras e bocas toda vez que ele falava alguma coisa errada em português... Por isso que não dá certo."
"Aff, que rídiculo! Será que as pessoas se valorizam ao ponto de julgar e corrigir as outras pessoas?"
"Hmm, você ainda é muito nova, ainda não viu nada."
Não, falando sério, uma das coisas que eu mais ODEIO é quando alguém corrige o português de outra pessoa. Tá, se for em uma prova, algum documento ou trabalho, sei lá, aí tudo bem... Mas na internet ou quando a pessoa está falando??? Afinal, nesses casos, usamos o português coloquial, e, sabe, português coloquial não se corrige. Quer dizer, quem é que sai por aí falando "Dê-me..." ou "Ponha-me" e etc, etc??? É a mesma coisa de falar uma palavra errada ou usar o plural errado, que seja... Ainda considerando que, em nosso país, são pouquíssimos aqueles que conseguem receber uma boa educação e sabem todas as regras gramaticais -acho que esses últimos nem existem. E, além do mais, o idioma está em função do povo e não o povo que está em função do idioma. Se a língua faz parte da identidade nacional, e essa identidade representa o povo de uma nação, então o povo é que cria a língua. Afinal, já teve uma época que "você" era errado e coloquial...
É por isso que eu acho a maior falta de humildade e uma atitude super arrogante quando alguém dá risada de outra apenas porque esta falou "pentiar", "a gente fomos" ou "as coisas é". E olha que eu adoro gramática e português e, por isso, percebo logo esses erros... mas dar uma de superior só porque a outra pessoa falou errado porque não sabe ou por outro motivo qualquer?? Ah, fala sério!! Eu também erro, todo mundo erra!
Isso é RIDÍCULO.

A suposta ajuda

Deixei o gravador reproduzir suas tão recentes palavras que até pareciam eco. Ele se ouviu, maravilhado, acenando a cabeça em constante anuência. No fim, reforçou ordem com ordem:
-E não quero esse italiano a escutar as palavras. Ouviu? Ainda não confio cento por cento nesse fidamãe.
-Mas pai, esse italiano nos está ajudar.
-A ajudar?
-Ele e os outros. Nos ajudam a construir a paz.
-Nisso se engana. Não é a paz que lhe interessa. Eles se preocupam é com a ordem, o regime nesse mundo.
-Ora, pai...
-O problema deles é manter a ordem que lhes faz serem patrões. Essa ordem é uma doença em nossa história.
Dessa doença, segundo ele, se refazia em nós essa divisão de existências: uns moleques dos patrões e outros moleques dos moleques. A aposta dos poderosos -os de fora e os de dentro -er uma só: provar que só colonizados podiámos ser governados.

"O último voo do flamingo", Mia Couto.
Soldado americano no Iraque.

Sunday, January 27, 2008

Oh, no...

Yeah, right...

Friday, January 25, 2008

Angie

Angelina Jolie, embaixadora da UNHCR, ouvindo as preocupações das recém-chegadas refugiadas afegãs em Jalozai, Paquistão. Em agosto de 2001, o Paquistão estava abrigando mais de dois milhões de refugiados; muitos já retornaram ao Afeganistão.

E, sim, eu quero ser que nem ela quando eu crescer :D

Tuesday, January 22, 2008

Querido Diário II

Cartão de Identidade
Mahmud Darwish

Escreve!
Sou árabe.
(...) As minhas raízes foram criadas antes do inicio dos tempos,
antes do nascimento das eras,
antes dos pinheiros e das oliveiras.
Antes que tivesse nascido a erva.

(...) Escreve!
Sou árabe.
Roubaste os pomares dos meus antepassados
e a terra que eu cultivava com meus filhos;
não me deixaste nada, apenas estas rochas.
O governo vai tira-me as rochas, como me disseram?

Escreve, então no alto da primeira página:
a ninguém odeio, a ninguém roubo.
Mas, se tiver fome,
Devorarei a carne do usurpador.
Tome cuidado!
Cuidado com minha fome,
cuidado com a minha ira!

Afinal, o fundamentalismo muçulmano não é algo que surgiu espontaneamente; a meu ver, ele é a resposta que os árabes encontraram para superar todos os fracassos políticos, sociais e econômicos que eles vêm sofrendo já há alguns séculos. Esses conflitos, aliás, tiveram como uma das várias razões a invasão ocidental no Oriente Médio, um processo simultâneo ao "fracasso" árabe que perdura até hoje.
Há questões internas também, é claro, como a grande quantidade de etnias de culturas e religiões diferentes -ou não -presentes na região. Mesmo esse ponto, porém, apresentou um agravamento por causa dos ocidentais, já que, durante o processo imperialista, minorias étnicas foram fortalecidas pelos invasores para favorecer a invasão e facilitar o controle das regiões -prática também presente na África. Após as independências, essas minorias passaram a exercer os governos em áreas extremamente heterogêneas.
Como eu estava dizendo antes, porém, o fundamentalismo é uma reação principalmente à modernidade -não representa, entretanto, uma oposição direta a esta, já que se utiliza da própria modernidade para crescer e agir em todo o mundo. Após muitas invasões, tentativas de independência, de democracia e de crescimento econômico e até de uma revoluçâo islâmica (Irã, 1979, liderada pelo aiatolá Khomeini), os muçulmanos finalmente partiram para o radicalismo religioso (já que o secularismo não dera certo). Estavam humilhados, isolados do resto do mundo, explorados e rebaixados em sua própria crença. E logo o vasto império muçulmano, que florescera e representara a própria modernidade na sua Idade de Ouro...
E, agora, lá estão os ocidentais novamente invadindo o Oriente Médio, matando-o mais, humilhando-o mais, explorando-o mais uma vez. Não é à tôa que o 11 de setembro aconteceu e que tantos atentados ainda acontecem -não justificando, é claro; explicando. Afinal -e acho que você concorda comigo -, não é por pouca coisa que um homem ou uma mulher prende uma bomba ao peito e a aciona apenas com o intuito de matar outras pessoas. Não pode ser pouco ódio, desespero e desesperança que essa pessoa sente para chegar a ponto de dar sua própria vida assim -e ódio, desespero e desesperança são reações.
Por isso, o "Tome cuidado!" é certo; para toda ação, há uma reação, ainda mais quando essa ação já dura quase um milênio...
Outro momento "Querido diário"...
Eu peguei esse poema em "Terror e esperança na Palestina", de José Arbex Jr.
Para todos que nunca leram, é um livro fantástico.

Bye bye!

Agora, depois que Obama falou que vai buscar a cabeça de Bin Laden no Oriente Médio, eu perdi um pouco as esperanças para essa eleição... Logo o candidato que parecia mais promissor >.<

Monday, January 21, 2008

ABC

"Paulinho, vamos estudar?"
"Hmm... Não."
"Se você não estudar, não vai poder jogar video game."
"Ah... Tá bom, então."
"Vamos lá: D + A..."
"Ba."
"D+E..."
"Te."
"D+I..."
"Ti."
"D+O..."
"Bu."
"Ah, desisto! Vá jogar, vá!"

Quando eu digo que meu irmão é a reencarnação de Joey Tribianni, ninguém acredita...

Saturday, January 19, 2008

Querido diário

Igual-desigual Drummond.

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou
coisa.

Ninguém é igual a ninguém.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.

Cada pessoa representa, de fato, um universo complexo e único. É por isso que as guerras me chocam tanto. 6 milhões é apenas um número, mas quando são 6 milhões de judeus mortos na II Guerra Mundial, ele deixa para trás o seu caráter estritamente matemático. Afinal, são 6 milhões de vidas, sendo que cada unidade dessa representa uma pessoa que, como eu, tem sonhos, medos, desejos e toda uma esfera de pensamentos infinita que apenas o ser humano pode ter.
Com a vivência, porém, uma cifra é apenas uma cifra, seja de judeus, muçulmanos, brasileiros, americanos ou africanos. Nós nos esquecemos do caráter social. Nós nos tornamos insensíveis diante da morte -e da vida.
Porém, não é por seu caráter único e pessoal que uma pessoa se torna verdadeiramente humana -e digo isso não no sentido exato do termo, mas no subjetivo. É, antes de tudo, pelos elementos que compartilha com outros que todos se tornam irmãos. Identificar no próximo algo que está presente em você é reconhecer a importância do outro, é valorizá-lo, é praticar a igualdade. Apenas com essa identificação com as outras pessoas que nós passamos a dar valor a vida delas, pois sabemos que, na mesma medida que nós somos, elas também são. Elas pensam como nós, elas sentem como nós. Nós e elas temos compaixão, temos os mesmos medos e, algumas vezes, os mesmos desejos. Somos fraternos, e assim nos tornamos humanos ao reconhecermos nos outros nós mesmos; ao colocarmos os outros em pé de igualdade conosco.
Que não se pense que, com isso, estou falando que Hitler, Stálin, Bush, Sharon e tantos outros de mesma linha não são humanos. Não, eles são humanos sim, mas no sentido exato, biológico. Quanto ao sentido social, já é uma outra história.
Um trecho do meu diário que acho que tem a ver com o que estou escrevendo ultimamente, apesar de eu já ter escrito coisas similares aqui.
Desculpem os erros de português. Como é um diário e já tem um tempinho que escrevi isso, não mudei nada.
"Igual-desigual", Carlos Drummond de Andrade, em "A paixão medida".

Friday, January 18, 2008

Adab

O homem que é nobre não finge ser nobre, não mais do que o que é eloquente finge eloquência. Quando um homem exagera suas qualidades, é porque alguma coisa lhe falta; o valentão dá-se ares porque sabe de sua fraqueza. O orgulho é feio em todos os homens (...) é pior que a crueldade, que é o pior dos pecados, e a humildade é melhor que a clemência, que é a melhor das boas obras.

'Amr ibn Bahth al-Jahiz, "al-nubl wa'l-tannabul wa dhamm al-kibr".
al-Jahiz é um escritor árabe que viveu entre os séculos VIII e IX.

Thursday, January 17, 2008

Auschvitz

Acho que meu pai tem razão, afinal: se o homem é capaz de fazer isso com sua própria espécie, o que ele não é capaz de fazer com as outras?
Um desses corpos pode ser o de Anne...

Wednesday, January 16, 2008

Anne


Terça-feira, 1o de Agosto de 1944

Querida Kitty,
"Um feixe de contradições", foi como terminei minha carta anterior e é o início desta. Por favor, pode dizer exatamente o que é um feixe de contradições? O que significa contradição? Como tantas palavras, pode ser interpretada de dois modos: uma contradição imposta de fora e uma contradição imposta de dentro. A primeira significa não aceitar as opiniões dos outros, sempre saber mais, ter a última palvra; resumindo, todas aquelas características desagradáveis pelas quais sou conhecida. A segunda, pela qual não sou conhecida, é meu segredo.
Como já disse muitas vezes, sou partida em duas. Um lado contém minha exuberância, minha petulância, minha alegria na vida e, acima de tudo, minha capacidade de apreciar o lada mais leve das coisas. Com isso quero dizer que não acho nada errado nos flertes, num beijo, num abraço, numa piada pesada. Este meu lado costuma ficar à espreita para emboscar o outro, que é mais puro, mais profundo e melhor. Ninguém conhece o lado melhor de Anne, e é por isso que muita gente não me suporta. Ah, eu posso ser um palhaço divertido durante uma tarde, mas depois disso todo mundo se enche de mim durante um mês. Na verdade sou aquilo que um filme romântico representa para um pensador profundo -uma simples diversão, um interlúdio cômico, algo a ser esquecido: que não é ruim, mas que também não é particularmente bom. Odeio ter de dizer isso, mas por que eu não deveria admitir, já que conheço a verdade? Meu lado mais leve, mais superficial, vai sempre tirar vantagem do lado mais profundo, e com isso vencerá sempre. Você não pode imaginar quantas vezes tentei empurrar para longe essa Anne, que é somente a metade do que se conhece como Anne -derrubá-la, escondê-la. Mas isso não funciona, e sei por quê.
Tenho medo de que as pessoas que me conhecem descubram que tenho outro lado, um lado melhor e mais bonito. tenho medo de que zombem de mim, de que pensem que sou ridícula e sentimental, e que não me levem a sério. Estou acostumada a não ser levada a sério, mas somente a Anne leviana consegue lidar com isso; a Anne mais profunda é fraca demais. Se eu forçar a Anne boa ao palco por pelo menos quinze minutos, ela se fecha como um marisco no momento em que é chamada a falar, e deixa a Anne número um dizer o texto. Antes que eu perceba, ela desapareceu.
Assim, a Anne boa nunca é vista acompanhada. Ela nunca aparece, ainda que quase sempre assuma o palco quando estou sozinha. Sei exatamente como gostaria de ser, como sou... por dentro. Mas infelizmente só sou assim comigo mesma. E talvez seja por isso -não, tenho certeza de que este é o motivo -que penso em mim como uma pessoa feliz por dentro, e os outros pensam que sou feliz por fora. Sou guiada pela Anne pura, de dentro, mas por fora sou apenas uma cabrita fazendo cabriolas, forçando a corda à qual está amarrada.
Como já disse, o que falo não é o que sinto, e por isso tenho reputação de assanhada e namoradeira, de sabichona e leitora de romances de amor. A Anne jovial gargalha, dá uma resposta ferina, encolhe os ombros e finge que nem liga. A Anne quieta reage de modo oposto. Se estou sendo completamente honesta, tenho de admitir que isso me importa, que tento arduamente mudar, mas me vejo sempre diante de um inimigo mais poderoso.
Um voz dentro de mim soluça: "Veja só, foi isso que você virou. Está rodeada por opinições negativas, olhares desanimados e rostos zombeteiros, pessoas que não gostam de você, e tudo porque não escuta o conselho de sua metade melhor. Acredite, eu gostaria de escutar, mas não dá certo, porque se eu ficar quieta eséria, todo mundo acha que estou representando outra papel e tenho de me salvar com uma piada, e nem estou falando de minha própria família, que presume que devo estar doente, me enche de aspirina e sedativos, sente meu pescoço e minha testa para ver se estou com febre, pergunta sobre os movimentos intestinais e me critica por estar mal-humorada, até que eu não aguento mais, porque quando todo mundo começa a me chatear, fico irritada, e depois triste, a parte má do lado de fora e a boa do lado de dentro, e tento achar um modo de me transformar no que gostaria de ser e no que poderia ser se... se não houvesse mais ninguém no mundo.
Sua Anne M. Frank

Este é o último escrito do diário de Anne Frank e, particularmente, uma das cartas que mais gosto.
Anne, sua família e outras mais foram delatadas e levadas de seu esconderijo no dia 4 de Agosto de 1944.
Anne morreu em Auschwitz poucos meses antes de o campo ser libertado por tropas inglesas.

Tuesday, January 15, 2008

Modernidade


Confronto entre cristãos e muçulmanos na Batalha de Mancoura, Idade Média.

Monday, January 14, 2008

Desabafo

É engraçado que, em todos os lugares que eu vou, as pessoas, ao saberem que sou vegetariana, tentam logo arranjar argumentos para que eu não o seja mais. É como se, ao não comer carne, eu estivesse agredindo alguém, e assim todos tentam rapidamente encontrar falhas nas minhas teorias -e na prática.
De fato, parece que todas as pessoas pensam igual. Quer dizer, você pode até supor que encontrará argumentos diversificados e convincentes, mas são sempre os mesmos! Geralmente relacionandos ao fato de que as plantas também são seres vivos e de que comer carne faz parte da cadeia alimentar, é algo natural. Ótimo. Então eu sou uma anormal idiota e sentimental só porque sou vegetariana. Pelo menos é isso o que as pessoas parecem pensar.
Aliás, quem pediu opinião sobre a minha dieta? Quer dizer, eu não saio por aí falando para todo mundo que come carne que eles são uns assassinos sem coração -já que isso não é verdade. Tá, talvez eu comente uma coisa ou outra com meus amigos, mas eu não tento convencê-los a serem vegetarianos. Então por que as pessoas insistem a tentar me convercer de que o que eu estou comendo -ou não -é errado?
Sabe, eu já ouvi coisas absurdas. Absurdas mesmo. Já me falaram que é meu dever comer carne porque as vacas colaboram com o efeito estufa. E quem me falou isso foi um médico. Cirurgião. Também que, já que os animais já estão mortos mesmo, por que eu não os como logo? Ou que a gente não consegue viver sem carne. Certo, e eu estou viva como??! E bem mais saudável do que muita gente aí!
Além do mais, e se eu quiser ser uma idiota sentimental mesmo? E aí? O que essas pessoas tem a ver com isso? Quer dizer, não vivem me dizendo que eu sou tão inteligente? Então respeitem o meu raciocínio e a minha decisão, mesmo que eu não o seja! Quem não está comendo carne sou eu e pelos meus motivos -que, ironicamente, né, são importantes para mim -, então simplesmente parem de achar isso engraçado e de achar bonitinho também. Para mim, ser vegetariana é uma coisa bem séria, mesmo que traga poucas consequências para os seres que eu realmente estou me importando aqui, os animais.
É por que irrita, sabe? Cada dia é uma pessoa diferente...


Ótimo. Vão cuidar de seus cachorrinhos que, para mim, já está tudo bem. Cansei de tentar explicar o porquê de eu estar evitando a morte de alguns seres, mesmo que poucos.

Sunday, January 13, 2008

O pretexto


A pretexto de combater o terrorismo, George W. Bush, “o renascido em Cristo” tornou-se o pior terrorista da história.
A pretexto de combater o talibã, transformou o Afeganistão no maior produtor de heroína do planeta.
A pretexto de combater o narcotráfico, transformou a Colômbia no maior produtor e exportador de cocaína do mundo.
A pretexto de localizar armas de destruição em massa no Iraque, destruiu a Babilônia.
A pretexto de localizar armas de destruição em massa no Iraque, destruiu a Suméria.
A pretexto de localizar armas de destruição em massa no Iraque, destruiu a Mesopotâmia.
A pretexto de localizar armas de destruição em massa no Iraque, destruiu Ur, a cidade do Patriarca Abraão.
Não satisfeito em destruir mais de 45 mil sítios históricos - patrimônios da humanidade - saquear museus e bibliotecas, suas tropas assassinaram mais de 800 mil iraquianos, transformaram mais de quatro milhões em refugiados e converteram o país num imenso calabouço.
A pretexto de irradiar a democracia como a entende, o “renascido em Cristo”, acabou com o regime secular do Iraque.
De acordo com um relatório oficial do Gabinete do Orçamento do Congresso dos Estados Unidos, o custo total das invasões do Iraque e do Afeganistão poderá atingir dois trilhões e 400 bilhões de dólares até 2017.A pretexto de “defender o mundo livre” suas tropas estão estacionadas em mais de uma centena de países.
Ao contrário do rei Midas, que transformava em ouro tudo o que tocava, “o renascido em Cristo” transforma em sangue tudo que toca.
E os muçulmanos é que são terroristas...

Georges Bourdoukan, Caros Amigos, dezembro de 2007

Friday, January 11, 2008

A hora

Momentos ruins sempre existem. Às vezes, eles acorrem tão próximos uns dos outros que nos deixam meio anestesiados; não sentimos nada a não ser uma leve sensação de estarmos vivos. O que a vivência não faz, não é? Mas sempre tem aquela hora em que tudo desmorona, então você se vê no meio da situação que sempre evitou, e é forçado a tomar uma decisão. Ou reagir. E você não sabe como reagir.
Não sabe de que lado ficar quando cada lado representa uma das duas pessoas que você mais ama nesse mundo. É impossível decidir, até mesmo quando você sabe que caminho deve escolher. Se não sabe, sempre existe o caminho da imparcialidade. Esse dura pouco se você tiver uma personalidade forte como a minha. E não tem jeito: escolha um lado. Todos exigem que você se posicione, pois, no mundo verdadeiro, não existe imparcialidade. De fato, não existe, mas nós podemos omitir nossa opinião pelo bem dos envolvidos -e pelo seu próprio bem. Talvez esse seja o melhor caminho, mas, como já foi dito, há um momento em que tudo desmorona. E você anseia por dizer o que realmente pensa, mesmo que tenha medo da reação das suas palavras. Você vai machucar pessoas com certeza, e talvez você acabe escolhendo o caminho mais doloroso por ser esse o mais justo. Mas sempre é bom amenizar um pouco a situação antes de agir. Pelo menos tentar diminuir os danos, que serão muitos e, talvez, irreversíveis. Você tem que tentar, simplesmente tem. E é isso que eu vou fazer.
Apenas para haver uma prova escrita de que eu pensei muito antes de fazer o que vou fazer. Se eu tive influências, não sei, a grande maioria dos alienados não sabe que está fazendo algo não porque quer, mas sim por causa da imposição que sofreu. Acho, porém, que as pessoas que me conhecem sabem que eu posso ser bem teimosa e que eu sempre tento analisar ao máximo o que vejo e ouço antes de condordar. De qualquer jeito, é bom ter um prova quando o que você vê à sua volta é desconfiança e falsidade.

"A corrupção de toda a sociedade israelense..."

  • Nós, oficiais e soldados de reserva das Forças de defesa de Israel, que crescemos com base nos princípios do sionismo, sacrifício e devoção ao povo de Israel e ao Estado de Israel, que sempre servimos na linha de frente, os primeiros a cumprir qualquer missão, perigosa ou não, com o objetivo de proteger e fortalecer o Estado de Israel,
  • Nós, oficiais e soldados combatentes que servimos ao Estado de Israel durante longas semanas, todos os anos, apesar dos altos custos que isso implicou para nossas vidas privadas, cumprimos tarefas nos Territórios Ocupados, e recebemos ordens e comandos que nada tinham a ver com a segurança de nosso país, mas o propósito único de perpetuar nosso controle sobre o povo palestino,
  • Nós, que vimos o preço em sangue que a ocupação cobra aos dois lados,
  • Nós, que sentimos como as ordens expedidas para nós nos territórios destroem os valores que absorvemos enquanto nos tornávamos adultos neste país,
  • Nós, que entendemos que o preço da ocupação é a perda do caráter humano das FDI (Forças armadas de Israel) e a corrupção de toda a sociedade israelense,
  • Nós, que sabemos que os territórios não são de Israel e que todos os assentamentos devem ser desmantelados,
  • Nós aqui declaramos que não vamos prosseguir lutando nessa Guerra dos Assentamentos,
  • Nós não continuaremos lutando além das fronteiras de 1967, com o objetivo de dominar, expulsar, humilhar e causar a fome de todo um povo,
  • Nós aqui declaramos que continuaremos a servir as FDI em qualquer missão que tenha como objetivo defender Israel.
  • As missões de ocupar e oprimir não servem a esse propósito - e por isso não faremos parte delas.

Manifesto de oficiais israelenses, 2002.

Mulher em assentamento palestino.

Thursday, January 03, 2008

O ser mulher

Ninguém pode negar as conquistas da mulher nas últimas décadas. De dona de casa, passou à profissional de carteira assinada, conseguiu o direito de votar e ainda liberdade na escolha sexual. Todas essas conquistas, porém, são relativas, e a mulher segue lutando e andando em um perigoso caminho: o da negação dela mesma e da sua feminilidade.
A luta pela igualdade entre os sexos é antiga, mas suas vitórias são recentes. Por ser um problema estruural, porém, é uma questão que leva tempo e que deve ser conduzida com cuidado. Sendo a sociedade patriarcal e machista, a luta feminista ainda acaba sofrendo influências de mesmo caráter, levando a vitórias, portanto, que apenas mascaram a manutenção das condições de vida. Seguindo esse caminho, a mulher passou por duas transformações das mais perigosas, que precisam ser reconstruídas.
A primeira está na igualdade propriamente dita. Forçada a tomar decisões para se igualar ao homem devido à necessidade de concorrer com este imposta pela sociedade capitalista, a mulher acabou deixando de lado aspectos característicos de seu sexo. Passou por um processo de "masculinização", por assim dizer, vestindo-se e até mesmo se comportando como o homem. A questão de gênero, portanto, passou a ser didática na medida em que a mulher conseguiu essa falsa igualdade.
A segunda transformação é mais complicada, pois, na verdade, refere-se a um fenômeno que acompanha a mulher desde a antiguidade. É a tentativa de se diferenciar do sexo oposto através da feminilidade. A mulher acaba, mesmo que inconscientemente, tornando-se o estereótipo feminino imposto pela sociedade consumista e machista. Ela começa a relacionar feminilidade com maquiagem, vestidos e sapatos altos, sem saber que ser mulher é algo mais profundo e inerente do que esses acessórios.
Mesmo tendo tomado os apectos já citados, a luta feminista não apenas pode, mas deve continuar. A desconstrução dos valores alienantes e sua posterior reconstrução deve passar pela análise de cada um sob um ponto de vista crítico. A questão está em saber ser mulher sem ter que negar-se.
A mulher pode, de fato, representar uma concorrência acirrada ao homem através do estudo e da emancipação, e não se masculinizando. Manter-se mulher, entretanto, não significa assumir o cor-de-rosa e o salto agulha; ser mulher é ser inteligente com emoção, é ser a mãe que também briga, é ser a luta dos oprimidos, é ser bela sem ser objeto sexual, é ser vaidosa sem ser alienada. Ser mulher é isso.

Wednesday, January 02, 2008

Arabian Moon

Arabian nights
Like Arabian days
More often than hot
Are hotter than hot
In a lot of good ways





"Arabian nights", Aladdin Soundtrack

Dia Primeiro

"Então, o que você deseja no ano novo?"
"Você sabe que eu não acredito nisso."
"Todo mundo acredita, até gente doida que nem você."
"Mas é que a mudança do ano não vai mudar minha vida, nem a de ninguém!"
"Mas imagine só!"
"Por que imaginar se isso não vai acontecer só por causa da passagem de um dia?"
"Puta que pariu! Fala logo, Clara!"
"Tá, tá... Eu quero que o sofrimento acabe no mundo."
"Aff, mas aí você já quer muito..."

"Sério, vai ser muita injustiça se eu passar na USP."
"Ai meu Deus? O que foi agora?"
"É que eu não estudei nada! E tem tanta gente que fica aí, se matando de estudar... Então eu não posso simplesmente passar."
"Caralho, mas até nisso você é certinha, é? Então por que você não vai e processa logo a USP por permitir que você sabe? Aí você dá sua vaga pra outra pessoa e fica feliz para sempre!"

"Você tentou para jornalismo mesmo, foi?"
"Claro que sim! E você sabe disso..."
"É, mas é que... Ah, não! Isso sim é injustiça! Pessoas como você não podem fazer jornalismo! É, tipo... Desperdício de inteligência!"
"QUÊ?"
"Não é não? Se eu fosse você, eu teria feito algum engenharia, tipo mecatrônica, sei lá, ou medicina... Alguma coisa com conteúdo e que você pudesse descobrir alguma coisa. A cura do câncer, quem sabe..."
"O_O"

"Qual é o governador de São Paulo?"
"Não sei."
"Como assim você não sabe?! Minha filha, você é uma gênia, você tem que saber de tudo! Imagina se uma pessoa entra aqui e ouve isso?? Sua reputação vai ter acabado!"

Cara, vai ser a decepção da vida da minha mãe se eu não passar na USP. Na verdade, é capaz de ela culpar a universidade e a prova se isso acontecer. E ela deveria ir no Sartre COC sede Graça, em Salvador. Aí ela iria ver os verdadeiros gênios, e no sentido negativo da palavra -se é que tem algum positivo.
Ah, outra coisa! Nunca comprem um certo espumante chamado "Pulmman".