Sunday, April 29, 2007

Colorir

"Se pensas que esta terra lhe pertence,você tem muito ainda o que aprender. Pois cada planta, pedra ou criatura está viva e tem alma: é um ser. Se crer que só gente é seu semelhante e os outros não têm o seu valor... Mas se seguir pegadas de um estranho, mil surpresas vai achar ao seu redor.
Já ouviu um lobo uivando para a lua azul? Será que já viu um lince sorrir? E é capaz de ouvir as vozes da montanha e com as cores do vento colorir...e com as cores do vento colorir!
Correndo pelas trilhas da floresta, provando das frutinhas o sabor! Rolando em meio a tanta riqueza... nunca vai calcular o seu valor. A lua, o sol e o rio são meus parentes. A garça e a lontra são iguais a mim. Nós somos tão ligados uns aos outros neste arco, neste Círculo Sem Fim.
Ah, a árvore aonde irá? Se você a cortar nunca saberá. Não vai mais o lobo uivar para a lua azul. Já não importa mais a nossa cor...Vamos cantar com as belas vozes da montanha! E com as cores do vento colorir...Você só vai conseguir desta terra usufruir se com as cores do vento colorir."



"Com as cores do vento colorir", Pocahontas

Tuesday, April 24, 2007

Lee

Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus, quanto tempo eu passei sem saber!
Foi quando meu pai me disse:
Filha, você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir e sumir
Baby, baby, não adianta chamar
Quando alguém está perdido procurando se encontrar
Baby, baby, não vale a pena esperar
Tire isso da cabeça e ponha o resto no lugar...


"Ovelha negra", Rita Lee

Monday, April 23, 2007

É pique!

Niver de Lari hoje *.*




Porque mudança de colégio traz sempre novidades ;p

Sunday, April 22, 2007

Jardim das delícias


"Garden of Earthly Delights", Hieronymus Bosch
Só porque eu poderia passar horas olhando os detalhes deste quadro...

Saturday, April 21, 2007

Lembrança do mundo antigo


Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo em redor de Clara.

As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das onze horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

"Lembrança do mundo antigo", Carlos Drummond de Andrade
"Avenue in snow", Edvard Munch

Friday, April 20, 2007

Heaven on their minds


My mind is clearer now
At last all too well
I can see where we all soon will be
If you strip away the myth from the man
You will see where we all soon will be
Jesus!
You've started to believe the things they say of you
You really do believe this talk of God is true?
And all the good you've done
Will soon be swept away
You've begun to matter more
Than the things you say
Listen Jesus, I don't like what I see
All I ask is that you listen to me
And remember
I've been your right hand man all along
You have set them all on fire
They think they've found the new Messiah
And they'll hurt you when they find they're wrong
I remember when this whole thing began
No talk of God then, we called you a man
And believe me, my admiration for you hasn't died
But every word you say today
Gets twisted 'round some other way
And they'll hurt you if they think you've lied
Nazareth's most famous son
Should have stayed a great unknown
Like his father carving wood
He'd have made good
Tables, chairs and oaken chests
Would have suited Jesus best
He'd have caused nobody harm
No one alarm
Listen Jesus, do you care for your race?
Don't you see we must keep in our place?
We are occupied
Have you forgotten how put down we are?
I am frightened by the crowd
For we are getting much too loud
And they'll crush us if we go too far
If we go too far
Listen Jesus to the warning I give
Please remember that I want us to live
But it's sad to see our chances weakening with ev'ry hour
All your followers are blind
Too much heaven on their minds
It was beautiful, but now it's sour
Yes it's all gone sour
God Jesus, it's all gone sour
Listen Jesus to the warning I give
Please remember that I want us to live
So come on, come on, listen to me.

"Heaven on their minds", Jesus Christ Superstar
Judas falando para Jesus

Thursday, April 19, 2007

Morgana fala...

"Em vida, me chamaram de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. Na verdade, cheguei agora a ser maga, e poderá vir um tempo em que tais coisas devam ser conhecidas. Verdadeiramente, porém, creio que os cristãos dirão a última palavra. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré -que realmente foi poderosa, ao seu modo -, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das magoas e labutas da humanidade?"

"As Brumas de Avalon", M. Z. Bradley
Blessed be!

Monday, April 16, 2007

Elemento de "transferência" histórica

"...com monarquia ou com república, o povo continuaria ignorante e miseravel, as eleições seriam sempre resolvidas pelos caciques de província, que tinham a faculdade de poder fazer eleger a maioria dos deputads das cortes, o aparelho de Estado continuaria a ser provido pelos conhecimentos pessoais ou fidelidades politicas e jamais pelo mérito individual, e o país -com inúteis condes e marqueses ou com inflamados demagogos republicanos -continuaria infalivelmente preso de idéias retrógradas e deforças conservadoras para quem a modernidade era o mesmo que o próprio Diabo. O que não havia em Portugal era uma tradição de cidadania, um desejo de liberdade, um gosto de pensar e agir pela própria cabeça: o desgraçado do trabalhador do campo dizia e fazia o que o patrão lhe mandava, este repetia o que o cacique local lhe transmitia e este, por sua vez, prestava contas e vassalagem aos próceres do partido em Lisboa. Podia mexer-se no cume da pirâmide, que todo o resto, até à base, permaneceria inamovível. A doença era bem mais profunda do que a maleita a que um simples golpe de Estado constitucional pudesse atalhar."


Nossos colonizadores.
Irônico, não? ;p

"Equador", Miguel Sousa Tavares, pg 68

Sunday, April 15, 2007

"Do the revolution!"

Sozinho, um homem não faz a diferença; com a união, consegue o que antes era considerado impossível. Seguindo esse preceito é que as mudanças estruturais necessárias para um país como o Brasil podem ser conseguidas. A massa populacional, entretanto, é levada a crer, pela minoria dominante, que não tem nenhum poder efetivo diante da sociedade. É um engano, pois, ao longo da história, o homem conseguiu fazer mudanças drásticas, conseguidas por haver um certo segmento da comunidade -geralmente oprimido -unido. É claro que mudar um problema, como o fundiário brasileiro, não é algo fácil, nem rápido, mas não é impossível. Com a união dos brasileiros que se interessam por essa mudança -que não são poucos -pode-se conseguir uma melhora e uma solução. É uma questão de potencial desconhecido. Afinal, como Marx já dizia em pleno século XIX, "Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!".

Saturday, April 14, 2007

Segundo Sol


Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam se tratar
De um outro cometa
Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse e eu não pude
acreditar
Mas você pode ter certeza de que
O seu telefone irá tocar
Em sua nova casa que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar
Que eu fui la fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação
Não tem explicação
Sem explicação?
Para mim tem...
Che (foto).

Friday, April 13, 2007

6,5

A nota mais baixa em toda a minha vida que eu recebi em uma redação O__O
Estou traumatizada... >.<
Na década de 70, o Japão e os Estados Unidos lideraram a Revolução Técnico-informacional. A partir disso, inovações como a Internet surgiram, interligando o mundo em uma rede. É de se pensa que, com o desenvolvimento tecnológico, o planeta tenha se tornado homogêneo. A globalização, entretanto, é apenas válida para aqueles que têm condições financeiras, privando grande contingente de pessoas de seus benefícios.
Enquanto que, há apenas alguns anos atrás, existiam vários "mundos" no planeta -o árabe, o europeu, etc -, atualmente, há uma cultura padrão. Essa cultura essencialmente americana, porém, apenas faz encobrir a grande desigualdade que existe por trás de cada sociedade. A elite, que impõe o seu modelo de vida ande vive, cria a fantasia de que todos estão como ela, tendo acesso à educação e aos meios tecnológicos. A realidade, entretanto, é diferente.
A parte mais carente da população vive à margem das inovações. Não tem acesso a Internet, nem ao conhecimento, vivendo enganada pela mídia de que faz parte do mundo globalizado. A dita "educação" que recebe apenas colabora com o processo de alienação, e os hospitais públicos são tudo menos inovadores.
A questão é que a globalização e relativa e moldada de acordo com os interesses da elite. Quando a ambição dos privilegiados se volta para uma questão, como a Amazônia e suas riquezas, logo ela é relacionada à globalização. Trantando-se da pobreza e fome de um povo, como ocorre no continente africano, entretanto, não há o mínimo vestígio de integração. Assim, a homogeneidade é ilusória, pois apenas encobre os interesses de poucos.
Apesar da clara contradição que existe entre o individualismo burguês e a relação conjunta pregada pela mídia, a globalização é um tema constante em todo o mundo. Se ela e verídica e íntegra, porém, é outro ponto, e como conhecimento é poder, a dominação continua. O povo segue, assim, enganado -e feliz.

Wednesday, April 11, 2007

Ismália


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra no mar.


No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...


E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...


E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
queria a lua do mar...


As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraens

Saturday, April 07, 2007

Ensinamento

"Os antigos que desejassem dar um exemplo da mais elevada virtude em todo o império, em primeiro lugar punham em boa ordem os próprios estados. Desejando ordenar bem os próprios estados, primeiro ajustavam suas famílias. Desejando ajustar as suas famílias, primeiro culivavam a si próprio. Desejado cultivar a si próprios, em primeiro lugar purificavam seus corações. Desejando purificar seus corações, primeiro procuravam ser sinceros nos seus pensamentos. Desejando ser sinceros nos seus pensamentos, primeiro extendiam ao máximo o seu conhecimento. Essa extensão do conhecimento reside na investigação das coisas.
As coisas sendo investigadas, o conhecimento se torna completo. O conhecimento sendo completo, os pensamentos são sinceros. Os pensamentos sendo sinceros, os corações, então, se purificam. Os corações sendo purificados, os seus próprios eus são cultivados. Os seus próprios eus sendo cultivados, as famílias se ajustam. As famílias estando ajustadas, os estados são governados corretamente. Os estados sendo corretamente governados, todo o império fica tranquilo e feliz."
Confúcio, "O grande ensinamento".

Thursday, April 05, 2007

Ciclo de sangue


"Como são livres os gansos selvagens com suas asas,
E que descanso encontram sob as árvores do bosque de Yu!
Mas nós, trabalhadores constantes a serviço do rei,
Nem sequer podemos plantar o nosso painço e o nosso arroz.

Em que se apoiarão os nossos pais?
Ó tu, Céu distante e azul;
Quando tudo isto terminará?...
Que folha não se tornou púrpura?
Que homem não foi arrancado à sua esposa?
Misericórdia para nós, soldados!
Será que não somos homens também?"



Período feudal chinês, por volta de 1123 a. C.
Escrito por soldados anônimos, destinados a morrer na guerra sem saber o motivo.

Imagem montada com fotos de soldados americanos mortos na guerra do Iraque.