Sunday, June 22, 2008

Talvez...

Estranho como as coisas acontecem.
Como uma decisão -aparentemente inofensiva e insignificante -pode tomar grandes proporções. Como uma pequena atitude pode fazer toda a diferença. Como o sim pode ser tão diferente do não. E como cada uma das duas opções de resposta representa caminhos distintos de acontecimentos.
(Será que sua vida pode mudar por causa de um sim -ou de um não?)
Sempre preferi o sim... o não me parece ser, literalmente, um estraga-prazeres; você está impedindo que algo aconteça. Mas, se for parar para pensar, o não permite que outras coisas aconteçam também... Só que o não é negativo. E eu nunca gostei da palavra "negativo". Se bem que eu prefiro "menos" do que "mais"... ou é ao contrário? Não estou me lembrando agora...
Mas só de pensar que você poderia ter dito "não" naquela ocasião... E que diferença isso teria feito na sua vida!
Nossa... que medo de mim mesma...

Wednesday, June 18, 2008

Conveniência

"O senhor reclama que os EUA são alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Que absurdo, Sr. Presidente ! Somos alvos dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais ? (...) O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. Alguma vez o senhor ouviu falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas multinacionais."

Estraído de "Por que é que o mundo odeia os EUA?", carta enviada pelo bispo americano e ex-combatente do Vietnã Robert Bowan ao presidente dos Estados Unidos da America, G. W. Bush.


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Na foto, o último "rei negro", Mobutu Sese Seko. Mobutu subiu ao poder com ajuda americana e serviu de comandante-fantoche por muitos anos, já que o ex-Zaire -atual República Democrática do Congo -é um dos países com mais riquezas naturais da África.
Apesar de seu regime extremamente ditatorial e sangrento, os Estados Unidos continuaram a apoiar Mobutu por décadas. Quando ele já não era mais conveniente, entretanto, os americanos voltaram a entrar no país, causando a queda do tirano. Não é preciso dizer que o saldo dessa "brincadeirinha" foi de milhões de mortes, certo?

Saturday, June 14, 2008

Terrorismo estatal

Eu, futura jornalista desatualizada que sou, descobri que, no dia 30 de Maio, diplomatas de 111 países se reuniram para assinar um documento visando a proibição do uso de bombas de fragmentação. Segundo o "Estadão", "O documento prevê que os signatários concordaram em proibir, sob qualquer circunstância, o uso, desenvolvimento, fabricação, aquisição e armazenamento desse tipo de munição, cujas vítimas são majoritariamente civis. Eles aceitaram ainda que, nos próximos oito anos, financiarão programas para limpar campos de batalha onde haja cápsulas dormentes do armamento."
Essas bombas, para quem não sabe, são aquelas que se fragmentam no solo soltando várias outras bombinhas por uma extensa área. Assim, a chance de atingir civis é muito grande, já que os fragmentos podem acabar funcionando como minas antipessoais ao permanecerem inativos por meses ou mesmo anos. Por isso, mesmo após o término do conflito bélico em questão, essas bombas continuam a fazer vítimas, sendo que muitas destas são crianças... Isso porque os fragmentos geralmente apresentam uma forte coloração, sendo confundidos com brinquedos.
Eu nem preciso falar, então, que a decisão tomada em Dublin, que tem um prazo de cumprimento para 2009, é muito boa, certo?
A questão, porém, é que ela não é tão boa assim... Ela não é tão boa assim porque o maior produtor e consumidor das bombas de fragmentação não aceitou o tratado. Alegando que essa decisão iria afetar os conflitos em que estivesse envolvido, os Estados Unidos -assim como o seu fiel escudeiro, Israel -não concordaram com a proibição. Apesar de, segundo as palavras de seu diplomata, preocupar-se enormemente com as questões humanitárias envolvidas...
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Menino iraquiano vítima das bombas de fragmentação.

Segundo denúncia da Human Rights Watch, no Afeganistão ainda permanecem sem explodir 250 mil projéteis disseminados pelas bombas norte-americanas. Durante a própria guerra, os afegãos as confundiam com as rações lançadas por ajudas humanitárias, já que apresentavam a mesma cor e formato.
Em 1999, na Sérvia, os Aliados soltaram bombas de fragmentação, sendo que cada arma possuía 202 minibombas em pequenos cilindros amarelos que lembravam garrafas de bebida.
Segundo a ONU, em 2006, Israel lançou 4,3 milhões de sub-munições de bombas de fragmentação no Líbano, das quais mais de 1 milhão não explodiu. Detalhe óbvio é que todas eram de origem americana.
O iraque também acabou se transformando em um campo minado, pois as bombas foram lançadas indistintamente, inclusive em lavouras e áreas residenciais.
Só para não me estender muito, segundo um relatório da Handicap Internacional, 98% das vítimas deixadas pelas bombas de fragmentação são civis.
E sim, claro... Os Estados Unidos se importam, de fato, com as questões humanitárias.

Wednesday, June 11, 2008

Preparando Pequim

Eu estava dando uma olhada no site da WSPA (The World Society for the Protection of Animals) quando uma notícia me chamou a atenção: "WSPA urges rethink on Beijing cat cull". O que está acontecendo na China, mais especificamente em Pequim, é o seguinte: o governo está promovendo a matança de gatos de rua por causa das Olimpíadas.
Na verdade, os gatos, que estão em grande número na cidade, são rodeados e levados para locais de onde não mais retornam. A suspeita é a de que são mortos de forma brutal.
O engraçado -ou não -é que fatos do tipo nunca são bem noticiados. Ninguém nunca fala sobre o destino dos animais envolvidos no mercado de peles -que, geralmente, são deixados sem pele mesmo para morrer em qualquer lugar ou servem de ração para os outros animais -, sobre como é a maioria dos treinamentos aos quais os animais de circo são submetidos -envolvendo sofrimento físico e psicológico -ou mesmo sobre como ocorre o abate de milhões de animais que servem de alimento*.
Será que é por falta de interesse? Já que muitos acham que esses assuntos são para aquelas pessoas alternativas e sensíveis, que ficam abraçando árvores, e etc etc...
Ou será que é porque as pessoas preferem ficar na ignorância? E eu não digo "ignorância" no sentido pejorativo, mas sim no de não estar ciente dos acontecimentos. Afinal, como uma professora minha de História me falou há muitos anos, "Feliz é o ignorante, pois ele vive na doce ilusão de não saber a verdade".
De qualquer jeito, assim como a WSPA, acredito que os visitantes das Olimpíadas se importariam bem mais com o fato de que um "extermínio" de animais está entre as preparações para a chegada deles do que com a presença de gatos andando pelas ruas.
*E eu não estou nem sutilmente insinuando que todos devem se tornar vegetarianos; apenas acho que existem formas mais humanas (e é "humanas" mesmo) de se promover a morte de um animal do que as que majoritariamente imperam nos abatedouros do Brasil e do mundo.

Monday, June 09, 2008

Podres poderes

Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes... somos uns boçais. Queria querer gritar setecentas mil vezes como são lindos os burgueses e os japoneses, mas tudo é muito mais.
Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica, que sempre precisará de ridículos tiranos? Será que essa minha estúpida retórica terá que soar, terá que se ouvir por mais mil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes, índios e padres e bichas, negros e mulheres e adolescentes fazem o carnaval. Queria querer cantar afinado com eles, silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase, ser indecente... Mas tudo é muito mau.
Ou então cada paisano e cada capataz, com sua burrice, fará jorrar sangue demais nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais. Será que apenas os hermetismos pascoais e os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais. Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo daqueles que velam pela alegria do mundo, indo mais fundo; tins e bens e tais.
"Podres poderes", Caetano Veloso.