Saturday, June 14, 2008

Terrorismo estatal

Eu, futura jornalista desatualizada que sou, descobri que, no dia 30 de Maio, diplomatas de 111 países se reuniram para assinar um documento visando a proibição do uso de bombas de fragmentação. Segundo o "Estadão", "O documento prevê que os signatários concordaram em proibir, sob qualquer circunstância, o uso, desenvolvimento, fabricação, aquisição e armazenamento desse tipo de munição, cujas vítimas são majoritariamente civis. Eles aceitaram ainda que, nos próximos oito anos, financiarão programas para limpar campos de batalha onde haja cápsulas dormentes do armamento."
Essas bombas, para quem não sabe, são aquelas que se fragmentam no solo soltando várias outras bombinhas por uma extensa área. Assim, a chance de atingir civis é muito grande, já que os fragmentos podem acabar funcionando como minas antipessoais ao permanecerem inativos por meses ou mesmo anos. Por isso, mesmo após o término do conflito bélico em questão, essas bombas continuam a fazer vítimas, sendo que muitas destas são crianças... Isso porque os fragmentos geralmente apresentam uma forte coloração, sendo confundidos com brinquedos.
Eu nem preciso falar, então, que a decisão tomada em Dublin, que tem um prazo de cumprimento para 2009, é muito boa, certo?
A questão, porém, é que ela não é tão boa assim... Ela não é tão boa assim porque o maior produtor e consumidor das bombas de fragmentação não aceitou o tratado. Alegando que essa decisão iria afetar os conflitos em que estivesse envolvido, os Estados Unidos -assim como o seu fiel escudeiro, Israel -não concordaram com a proibição. Apesar de, segundo as palavras de seu diplomata, preocupar-se enormemente com as questões humanitárias envolvidas...
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Menino iraquiano vítima das bombas de fragmentação.

Segundo denúncia da Human Rights Watch, no Afeganistão ainda permanecem sem explodir 250 mil projéteis disseminados pelas bombas norte-americanas. Durante a própria guerra, os afegãos as confundiam com as rações lançadas por ajudas humanitárias, já que apresentavam a mesma cor e formato.
Em 1999, na Sérvia, os Aliados soltaram bombas de fragmentação, sendo que cada arma possuía 202 minibombas em pequenos cilindros amarelos que lembravam garrafas de bebida.
Segundo a ONU, em 2006, Israel lançou 4,3 milhões de sub-munições de bombas de fragmentação no Líbano, das quais mais de 1 milhão não explodiu. Detalhe óbvio é que todas eram de origem americana.
O iraque também acabou se transformando em um campo minado, pois as bombas foram lançadas indistintamente, inclusive em lavouras e áreas residenciais.
Só para não me estender muito, segundo um relatório da Handicap Internacional, 98% das vítimas deixadas pelas bombas de fragmentação são civis.
E sim, claro... Os Estados Unidos se importam, de fato, com as questões humanitárias.

2 comments:

Unknown said...

Oi Claire!
Eu estou cumprindo o que eu disse ontem e estou entrando no blog de vocês!
E fiquei feliz de encontrar aqui um post Clara falando sobre o Oriente Médio! hahaha
Eu tenho que admitir que eu também estou completamente desatualizada e não sabia disso (final de semestre é realmente foda). Mas eu não fiquei muito surpresa com a resposta dos EUA.
E nessas horas que eu me pergunto quem foi o #%$#@ que inventou essas "coisinhas"...
Beijos

Danilo Carvalho Moura said...

Só para não passar em branco, Clara: passei por aqui e gostaria de deixar um aviso: "terrorismo estatal" é conceito dos mais discutidos (e polêmicos) ali do outro lado da rua, em RI...E o nosso Brasil varonil também não aderiu ao pacto para abolir as "cluster".

Beijos