Saturday, September 29, 2007

Wednesday, September 26, 2007

Análise histórica

Segundo o dicionário Houiass da Língua Portuguesa, "selvagem" é aquele "que habita as selvas, que" vive longe da civilização, ou "que manifesta crueldade, furor". Diante desses conceitos, quem são os verdadeiros selvagens da História do Brasil, os índios ou os europeus?
Em pleno processo de expansionismo territorial, foi papel da cultura européia do século XV preencher as lacunas ideológicas que faltavam para justificar as invasões em novas terras. Nesse contexto, o termo "selvagem" adquiriu o seu significado primário, que posicionava os moradores de localidades desconhecidas como não civilizados e que precisavam da intervenção européia. Estes geralmente moravam na selva, formando o estereótipo do selvagem indígena.
Na medida em que os portugueses pisaram em futura terra brasileira, como possuiam os conceitos da atual cultura ocidental, os selvagens eram, de fato, os indígenas, que habitavam cabanas de palha e eram nômades. Afinal, foram os europeus que trouxeram a modernidade e o resultado de muitos séculos de pesquisas científicas para a terra, transformando-a em país, Brasil.
Os portugueses, porém, também trouxeram doenças e degradação aos índios e à terra. Mataram milhões, devastaram, estupraram, roubaram e destruíram uma cultura milenas e tão evoluída como a deles, já que há culturas diferentes, mas de igual valor. Assim, o termo "selvagem" adquiriu sei sentido pejorativo, e o que foi criado para os índios, ditos "básbaros" e irracionais, passou a designar os portugueses.
Levando em consideração as duas definições do termo "selvagem" na História moderna e crítica, entretanto, apenas uma é válida. Isso porque, quando se refere as índios, essa palavra traz a idéia de que estes vivem longe da civilização enquanto que eles próprios formam uma civilização. Afinal, têm culturas próprias, bem como idiomas e modo de produção. Enquanto que, no passado, era válido, o índio selvagem, nesse sentido, já não o é mais.
Assim, fazendo uma análise histórica, humanista e gramatical, os verdadeiros selvagens da História brasileira são os portugueses, que deturparam o futuro dos índios dessa terra chamada Brasil, e cujos traços de violência perduram até hoje.

Sunday, September 23, 2007

Cidade nossa de cada dia

"E se ao menos essa ilusão da Cidade tornasse feliz a totalidade dos seres que a mantêm... Mas não! Só uma estreita e reluzente casta goza na Cidade os gozos especiais que ela cria. O resto, a escura, imensa plebe, só nela sofre, e com sentimentos especiais que só nela existem! (...) Ai jaz, espalhada pela cidade, como esterco vil que fecunda a cidade. Os séculos rolam; e sempre imutáveis farrapos lhe cobrem o corpo, e sempre debaixo deles, através do longo dia, os homens labutaram e as mulheres chorarão. E com este labor e este pranto dos pobres, meu Príncipe, se edifica a abundância da Cidade! Ei-la agora coberta de moradas em que eles se não abrigam; armazenada de estofos, com que eles se não agasalham; abarrotada de alimentos, com que eles se não saciam! Para eles só a neve, quando a neve cai, e entorpece e sepulta criancinhas aninhadas pelos bancos das praças ou sob os arcos das pontes de Paris... A neve cai, muda e branca na treva; as criancinhas gelam em seus trapos; e a polícia, em torno, ronda atenta para que não seja pertubado o tépido sono daqueles que amam a neve, para patinar nos Bosques de Bolonha com peliças de trés mil francos. Mas quê, meu Jacinto! A tua Civilização reclama insaciavelmente regalos e pompas , que só obterá, nessa amarga desarmonia social, se o capital der ao trabalho, por cada arquejante esforço, uma migalha ratinhada. Irremediável é, pois, que incessantemente a plebe sirva, a plebe pene! A sua enfaldada miséria é a condição do esplender sereno da Cidade."


"A Cidade e as Serras", Eça de Queirós.

Saturday, September 22, 2007

A hipocrisia nossa

Homem matando homem. Torturando. Assassinando. Ou esquecendo. Afinal, todos têm a mesma consequência, não é? A morte, a miséria, a fome, a dor... Mas quantas vidas ainda terão que ser ceifadas para que o homem note que o mundo precisa de ajuda? Que os outros homens precisam de ajuda?
Isso é quase irônico de minha parte. Quase não: é irônico. Pois quem mata e tortura não se importa se a vítima está sofrendo. Na verdade, acho que o objetivo é justamente esse, o de que aquela pessoa sofra mesmo, desapareça e pare de aparecer nos jornais e revista para nos lembrar de que não estamos sozinhos... Para nos lembrar de que estamos bem, mas elas não. Ninguém quer sofrer, não é verdade? Então é até melhor que elas morram mesmo para parar de nos encher de remorso de estarmos levando a vida tão confortavelmente....
Outra ironia minha. Quem mata, não sente remorso -ou pelo menos não deveria sentir. Mas, sabe, é até legal que a gente mostre que se importa com o mundo. Está na moda, não é? Faz você parecer uma pessoa menos... vazia. Faz um discurso emocionante em um jantar com uns amigos, até simula uma lágrima ou duas. Depois, todos lhe olham admirados: "Ela se importa", pensam. Ela se importa.
Mas não se importe: esqueça mesmo. Esqueça, quem se importa se tem gente morrendo por aí? Não é sua mãe! Nem nenhum parente seu. É só um homem ou uma mulher qualquer... Talvez uma criança, criança essa que já tinha sua vida demarcada mesmo antes do seu nascimento: ela nasceu sem destino, nasceu para sofrer. Talvez tenha nascido para lhe deixar um pouco triste por uma hora ou duas, depois que você viu o corpo dela estirado em alguma rua no noticiário...
Nossa, eu estou extremamente ingênua hoje. Você não vai ficar triste, não é verdade? É claro que não! Afinal, quantas pessoas já morreram hoje que você ouviu falar? As cifras já ficaram tão comuns que as pessoas nem se importam mais: mil alí no Oriente Médio, mais umas 400 na Chechênia, talvez umas dez mil na África... É normal, as pessoas teriam que morrer algum dia mesmo, certo? E não há nada que você possa fazer para evitar isso... Afinal, quem é que vai parar para pensar que, por trás de cada número, há uma infinidade de vidas? Que cada unidade dos milhares de mortos representam uma pessoa, com toda a sua complexidade? Que aquela pessoa tinha sonhos -talvez de ser jornalista, médico, professor -, tinhas hobbies e a mesma capacidade de pensar e sentir que você? Que era a mãe de alguém, a irmã, o pai, o marido... Quem se importa?
A questão é: como elas morreram? De que doença, com qual arma? De fome, talvez? Agora, porque uma pessoa morreria de fome em uma planeta tão farto? É, isso mesmo, eu disse farto, e acho que já está na hora de você parar de se enganar ao pensar que, como os recursos naturais estão se esgotando, não tem mais comida e água para essas pessoas. Tem sim, e muita, o problema é que elas não são importantes nem politica, nem economicamente para aqueles que tem o poder de lhes fornecer água e comida. Ou casa, se você for analisar melhor. Casa, remédio, escola, lazer... Tudo o que uma pessoa normal, como você e eu, tem. O problema é que elas são inválidas no grandioso trabalho de obtenção de riqueza.
Mas sim! Talvez você já tenha tido sua cota de se preocupar com o mundo hoje. Ou talvez você nem tenha se precocupado, não é? Talvez você seja o assassino, o torturador, ou até o, digamos "esquecedor", e você não pode, não se esqueça, sentir remorsos. Eles que sofram bem longe de nós. Bem longe e, de preferência, silenciosamente.

Não é preciso muito para ajudar, lembre-se disso.
Apenas um pouco de humanidade.

Sunday, September 02, 2007

Animais de Produção

Bilhões de animais de produção são criados atualmente em fazendas industriais. Presos em gaiolas apertadas e super-lotadas, os animais são forçados a crescer num ritmo extremamente rápido, para garantir aos fazendeiros lucro crescente e incessante na produção de ovos, carne e leite. A WSPA trabalha para acabar com o sofrimento desses animais.
A campanha Bem-Estar dos Animais de Produção da WSPA foi desenvolvido para garantir melhores condições de vida aos animais de fazenda em todo o mundo. Principalmente na Ásia e na América do Sul - áreas de grande crescimento da agricultura industrial.
Gaiolas de Poedeiras
Quase todas as 5,6 bilhões de galinhas poedeiras do mundo estão presas dentro de pequenas gaiolas. Sem espaço sequer para baterem as asas estas galinhas não conseguem produzir ninhos e seus ossos ficam tão fracos que podem quebrar por qualquer movimento mais brusco.
Porcas Gestantes
As porcas gestantes são presas em “gaiolas-maternidade”. Esse sistema mantém as porcas em espaços tão apertados que elas não conseguem se exercitar e nem mesmo se virar durante a gestação que dura 16 semanas. Quando estão prontas para o parto, são levadas às celas-parideiras, igualmente restritivas.
Frangos
Milhares de frangos para abate são entulhados nos galpões das fazendas industriais. Eles não são engaiolados, mas a concentração de pássaros é tão alta que cobre todo o espaço dos galpões. Além disso, o crescimento controlado por hormônios é tão acelerado que seus ossos, cérebro, coração e pulmão não conseguem acompanhar o metabolismo do corpo. Antes de serem abatidos (o que ocorre entre a sexta e a sétima semana de vida), esses pássaros são submetidos a ferimentos dolorosos e debilitantes. Vários morrem por parada cardíaca. Atualmente, mais de 20 bilhões de frangos para abate são criados em todo o mundo.
Agropecuária: estilo industrial
Na Ásia e na América é comum criar gado para abate em grandes propriedades - criação extensiva. Muitas cabeças de gado saturam um reduzido espaço, criando grande risco de doenças pela grande quantidade de dejetos que podem poluir o campo.
Na América do Norte e em partes da Ásia as vacas leiteiras nunca pastam. Elas são mantidas em sistemas de “pastagem-zero”, em que a ração é trazida aos animais. O sistema metabólico do animal não consegue acompanhar a superprodução de seus úberes. O esforço excessivo do animal resulta em problemas podológicos e articulatórios, úberes com infecções dolorosas e doenças metabólicas.
Peixe
A produção industrial também chegou à piscicultura. Milhares de peixes podem ser apertados dentro de uma jaula marítima ou lagoa, causando estresse e deixando-os mais suscetíveis a doenças. O abate geralmente não é humanitário.
Engenharia Genética
Por meio de alterações genéticas, os animais crescem de forma acelerada, ficam maiores, menos gordurosos e produzem mais leite. Geram lucro a despeito das consequências negativas que o uso de hormônio traz a saúde destes animais e à saúde humana.
Não só animais são afetados
A segurança alimentar é posta em xeque quando os animais são mantidos em sistemas intensivos de produção. A superlotação nas fazendas industriais cria o ambiente ideal para a propagação de doenças. Para tratar e conter essas doenças, os criadores lançam mão de uma diversa combinação de medicamentos.
A agricultura industrial também vem causando danos ao meio-ambiente, com o grande uso de fertilizantes químicos e pesticidas, tornando o solo infértil e ameaçando a fauna silvestre local.




Bem-Estar Animal

A Sociedade Mundial de Proteção Animal- WSPA lançou em junho de 2006 um importante documento para estabelecer critérios uniformes para a proteção dos animais em todo o mundo. Trata-se da Declaração Universal de Bem-Estar Animal. O documento integra a campanha da WSPA “Para mim os animais importam” e estabelece diretrizes básicas de bem-estar, reconhecendo os animais como seres senscientes, e sua proteção como importante meta para o pleno desenvolvimento social das nações de todo o mundo.
O objetivo é recolher 10 milhões de assinaturas pelo mundo e encaminhar o documento à ONU. Com isso, a WSPA pretende garantir métodos efetivos para livrar dos maus-tratos bilhões de animais em todo o mundo, criando normas e padrões a serem seguidos por todos os países- membros da ONU.
Durante o lançamento oficial do documento - que ocorreu no simpósio de afiliadas da WSPA, em Londres -, Noah Wekesa, ministro da Educação, Ciência e Tecnologia do Quênia disse que, apesar das diferenças sociais, econômicas, religiosas e culturais, é dever de cada sociedade cuidar e tratar dos animais de forma humana e sustentável.
Nesse sentido, a Declaração estabelece o direito à vida, destacando a presença humana como parte de um ecossistema que deve ser reconhecido e respeitado para que haja harmonia e equilíbrio entre as sociedades. Algumas das emendas propostas estabelecem que o bem-estar dos animais inclui zelar pela saúde deles, que os veterinários possuem um papel essencial na manutenção da saúde e do bem-estar desses animais; que os humanos partilham o planeta com outras espécies e formas de vida, co-existindo num ecossistema interdependente; e que é de extrema importância o trabalho contínuo da Organização Mundial para a Saúde Animal na criação de normas globais que assegurem o bem-estar animal.
site pra assinar o abaixo assinado: http://www.animalsmatter.org/
Atualmente, já são 500 mil assinaturas :)