Sunday, October 19, 2008

Entre céus e pêras


"Agora considere nosso cone de luz do passado, ou seja, os percursos no espaço-tempo dos feixes de luz de galáxias distantes que nos alcançam no presente. Em um diagrama com o tempo traçado para cima e o espaço traçado para os lados, esse é um cone com seu vértice, ou ponta, em nós. À medida que voltamos no passado, descendo o cone a partir do vértice, vemos galáxias em épocas cada vez mais remotas. Como o universo vem se expandindo e tudo costumava estar bem mais próximo entre si, ao olharmos ainda mais longe no passado, estamos olhando regiões de densidade de matéria maior. Observamos um fraco fundo de radiação em microondas que se propaga até nós ao longo de nosso cone de luz do passado proveniente de uma época muito mais remota, quando o universo era muito mais denso e quente do que é agora.

(...)

Assim, podemos concluir que nosso cone de luz do passado precisa passar por certa quantidade de matéria quando alguém retrocede por ele. Essa quantidade de matéria é suficiente para curvar o espaço-tempo, arqueando os feixes de luz em nosso cone de luz do passado para trás, em direção uns aos outros.

À medidade que se retrocede no tempo, os cortes transversais de nosso cone de luz do passado atingem um tamanho máximo e começam a diminuir novamente. Nosso passado tem forma de pêra.

À proporção que se retrocede ainda mais por nosso cone de luz do passado, a densidade de energia positiva da matéria faz os feixes de luz se arquearem em direção uns aos outros mais fortemente. O corte transversal do cone de luz encolherá até o tamanho zero em um tempo finito. Isso significa que toda a matéria dentro do nosso cone de luz do passado está presa em uma região cujo limite encolhe pra zero (...), no chamado big-bang."

"O universo numa casca de noz", Stephen Hawkings.

***

"Calinha?"
"Oi, amor?"
"Por que é que você olha tanto para o céu?"
"Quando você crescer e ficar grandão que nem Calinha..."
"Que nem Calinha não, porque eu não vou ter cabelo grande, não vou ter peitos e nem vou usar batom."
"Hmm... tá, que seja. Quando você for grandão que nem papai então, e estudar muito que nem Calinha ;), você vai entender."
"Vou?"
"Vai. E se você não entender, você pode perguntar pra mim."
"Então eu posso perguntar agora?"
"Não, Paulinho, só quando você estiver grandão que nem papai!"
"Ah... então quando eu estiver grandão que nem Calinha, eu pergunto..."

"Estudar muito"...
Só pra não desmotivar meu irmão, sabe como é... :)

2 comments:

Maria Joana said...

por esse diálogo o irmão de Calinha deve ficar que nem ela quando crescer....

Ana Paula Saltão said...

aaah, os diálogos da Calinha são os mais meigos do mundo!