Tuesday, March 24, 2009

Nações e Políticas

"The media tend to attribute Gaza's decline solely to Israeli military and economic actions against Hamas. But such a myopic analysis ignores the problem's root cause: 60 years of Arab policy aimed at cementing the Palestinian people's status as stateless refugees in order to use their suffering as a weapon against Israel.
As a child in Gaza in the 1950s, I experienced the early results of this policy. Egypt, which then controlled the territory, conducted guerrilla-style operations against Israel from Gaza. My father commanded these operations, carried out by Palestinian fedayeen, Arabic for 'self-sacrifice'. Back then, Gaza was already the front line of the Arab jihad against Israel. My father was assassinated by Israeli forces in 1956.
(...)
Arabs claim they love the Palestinian people, but they seem more interested in sacrificing them. If they really loved their Palestinian brethren, they'd pressure Hamas to stop firing missiles at Israel. In the longer term, the Arab world must end the Palestinians' refugee status and thereby their desire to harm Israel. It's time for the 22 Arab countries to open their borders and absorb the Palestinians of Gaza who wish to start a new life. It is time for the Arab world to truly help the Palestinians, not use them".

Nonie Darwish, "An arab-made misery", The Wall Street Journal Europe.
http://online.wsj.com/article/SB123733224510363157.html

No mínimo, esse é um ponto de vista diferente. E bastante válido, é claro. Afinal, é fato que descendentes de palestinos não podem tirar passaporte nos países árabes mesmo tendo nascido neles ou mesmo sendo casados com alguém de um desses países; ao contrário, eles são obrigados a receber o eterno "título" de palestino refugiado. É como um fardo imposto por todo o mundo árabe: os palestinos têm que se manter como palestinos sofredores para que continuem a servir de motivo para a guerra eterna contra Israel e contra os Estados Unidos.

Não acho, porém, que as coisas são tão simples assim como a autora de tal artigo acha. A política árabe não é a origem e a causadora da miséria palestina, mas sim uma consequência desta; de uma situação já existente e de um posicionamente que, a princípio, pode ter sido genuíno, muitos interesses afloraram e se mantiveram às custas dos refugiados de Gaza. E sim, deveria haver uma pressão local para que o grupo Hamas parasse com seus atentados terroristas - até porque as vítimas diretas e indiretas desses atentados não são apenas israelenses, mas também palestinos. Mas acreditar que a paz da região apenas depende das ações do Hamas é ser, no mínimo, ingênua. É ignorar os últimos 60 anos de história árabe-israelense, é ignorar todas as guerras e ações militares lideradas por Israel.

E tudo bem defender a livre saída de palestinos da faixa de Gaza; afinal, eles estão em inúmeros campos de refugiados e em cidades presas naquele velho processo de destruição-reconstrução, ainda cercados por soldados e pretensas muralhas israelenses. E se eles quiserem ir para as nações árabes, que vão - e que, de preferência, sejam recebidos como cidadãos, e não como eternos refugiados. Ou, se forem recebidos como refugiados, que tenham todos os direitos que pessoas nessa condição devem ter...
Mas há palestinos que não querem ir embora de suas terras, aqueles que há gerações estão ali, que enxergam naquela estreita faixa de terra a sua casa. E Nonie Darwish não fala em um só instante desses moradores, fala apenas daqueles que querem partir. Talvez ela própria, que partiu de Gaza ainda criança, veja apenas sob esse ponto de vista. Mas há, de fato, os que querem ficar, e para esses, não é apenas o Hamas o grande perpetrador da violência e não é a política árabe a mais poderosa e a única política a se envolver na região e a causar danos perturbadores. Não, as coisas não são tão unilaterais assim. E não acho que Israel deve ocupar um papel tão não-significativo quanto ocupa em sua análise. Israel não deixa de ser vítima nessa situação toda -assim como Gaza também é -, mas também não deixa de ser culpado.

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