Thursday, February 14, 2008

Blah, blah, blah...

Certo. Lá estava eu, lendo Veja -sim, agora eu leio Veja, minha mãe venceu... mas é que, para reconhecer um jornalismo bom, a gente tem que conhecer o ruim, certo?? E é bom comparar os enfoques que a mídia dá para um mesmo tema. Além do mais, até meu pai, capitalista elitista do que jeito que é, concordou comigo que tem alguma coisa errada em uma revista que, em uma reportagem, fala que apenas 24% dos jovens brasileiros está na faculdade e, em outra, começa falando que os jovens brasileiros já estão formados aos 23 anos e que o gasto médio da criação de um filho no Brasil é de 1,6 milhão!!! Quer dizer, alôôôô, ela cita que os jovens de hoje fazem esportes como esqui, equismo, etc, etc, e que o gasto mensal em festas e cinemas é de mais ou menos 1100 reais! Que família é essa, pelo amor de Deus? Ela nem representa os 24% dos jovens na faculdade, representa, tipo, 5%, e olhe lá!!! Mas o caso está justamente aí, é uma revista focada nesses 5% dos brasileiros... E ainda fala que é essencial para o tipo de país que o Brasil quer ser ¬¬ E, taquepariu, o que foi aquilo no meio da reportagem de interferência na mente humana?? Falando que o ulemá ou o sei-lá-o-que poderia intervir nas mulheres "rebeldes" para que elas passassem a usar a burqa... Cara, tá, é um exemplo e tal, mas o que isso tem a ver com o assunto? A Veja não perde uma oportunidade de colaborar com a imagem estereotipada do mundo muçulmano e do Islã... É, realmente tem sido bastante educativo ler Veja de novo.
Sim... Lá estava eu, lendo Veja, quando percebi que sempre há uma citação de países europeus e outros desenvolvidos como exemplo para o Brasil. Certo, eles não são chamados "desenvolvidos" por nada, mas é que... Bem, para que o rico se sustente, é preciso existir o pobre. Seja mão-de-obra, seja indústria sucateada, seja para apoio político, sei lá... Então eu não acho que o Brasil vai conseguir se igualar a uma Inglaterra ou a uma França, pelo menos se o modo de produção atual continuar vigente. Além do mais, se o Brasil é tão atrasado, miserável e corrupto como muitos insistem em repetir -inclusive a maioria do jornalistas da Veja através do sarcasmo idiota deles - e está uns duzentos anos atrás da linha evolutiva dos países hoje considerados "desenvolvidos", porque insistem em colocar tais exemplos a serem seguidos? ... Tá, acho que não estou me fazendo entender, mas o caso é o seguinte: já que o sistema capitalista é feito de contrastes e de exploração -e nem a pessoa mais capitalista do mundo pode negar isso -, por que o Brasil insiste em tentar ser igual aos países dominantes que sempre vão estar além dele nessa evolução história que a gente está seguindo? Quer dizer, desde a sua descoberta, o Brasil sempre tentou ser igual aos europeus. Só que, depois de 500 anos, acho que os brasileiros já deveriam ter percebido que esse caminho não está dando muito certo, já que não é viável segundo o capitalismo. A gente acaba fazendo essa imitação forçada e fajuta das democracias desenvolvidas, e nós acabamos mergulhados em inúmeras falhas, que permitem o roubo e a corrupção. Por que não paramos de tentar copiar a história dos outros? Os brasileiros não podem criar uma própria linha evolutiva que esteja de acordo com a cultura do país?? Está na hora de trocar o exemplo estrangeiro pela motivação nacional, ainda mais agora, que o país está perdendo sua identidade... e, sabe, se você parar para pensar bem, os países desenvolvidos nunca imitaram ninguém... eles sim é que tiveram motivação nacional.
E não, não estou propondo uma revolução vermelha nem nada do tipo -as pessoas insistem que minha resposta é essa, mas não é. Se eu tivesse uma resposta, não estaria aqui, agora, escrevendo no meu blog. Até porque eu concordo com Milton Santos: acho a teoria marxista fantástica e talz, mas ela foi lançada no século XIX para o século XIX... Ela adquire um caráter muito mais complexo e profundo, sendo atualizada para o nosso século. Afinal, o próprio Marx era dialético, e o que é síntese hoje, não apenas pode, mas deve ser tese amanhã.

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