Wednesday, May 19, 2010

Confissões de um (in)conformado

Eu lembro quando eu costumava brigar por tudo. Qualquer coisa que eu achasse injusta ou que me ofendesse era motivo para eu me exaltar e me defender. E costumava pôr toda a minha alma naquelas discussões.

Até que meu pai me disse para parar com isso. Aquilo estava me fazendo mal, e eu sabia que era verdade de uma maneira não apenas mental, mas física. Comecei a tomar remédios e me resignei. Deixei de ser minha mãe, sempre explosiva, para ser meu pai, calmo e conformado -e, no meu caso, dopado.

E continuo assim até hoje. Ainda mais depois daquilo -como aquilo me mudou, e de um jeito tão profundo que, em vários momentos do dia, eu não me reconheço. E me sobe uma dor tão forte na garganta depois de cada momento impróprio - e a dor é de saber que não sei mais agir daquele jeito intempestivo, que não sei mais me defender e discutir com os outros.

Sim, tem um lado bom em ser assim, mas o melhor mesmo seria um meio termo. Porque o que sou agora me abala tanto quanto o que eu era antes. Cada palavra que machuca, cada ação que fere vai se juntando como pequenas bolinhas de ferro na garganta, e no fim pesam tanto que não consigo nem chorar.

E a decepção é tanta - comigo e com os outros - que o desespero me abate às vezes.

O que eu me tornei? E o que as pessoas próximas a mim se tornaram e se tornam a cada dia com esse meu silêncio?

3 comments:

Tulio Bucchioni said...

Nossa, Clara! Muito forte o seu tópico...Estou aqui há alguns segundos ainda o digerindo...E pensando em mim também...E em nós, pra ser sincero...Como mudamos! Como mudamos sempre...Me embrulha o estômago às vezes, sabia! Como a vida nos leva a situações e a momentos tão diferentes...Me lembra Bergson e a sua frase acerta:

"A mudança é aquilo que pode haver de mais substancial e durável"

Bom. Mas difícil de se lidar, às vezes. Nem nós para nos entendermos...Por isso às vezes tão impossível julgar...

Beijitos!

Maria Joana said...

Gostaria de ter conhecido a antiga Clara, ou, ao menos, de poder ter conseguido conversar com a atual.
Infelizmente aquela com quem morei foi a Clara com a qual nunca consegui conversar, aquela que nunca cheguei a conhecer.

Sinceramente
Beijos

Mara Velasco said...

A vida é complicada, se ñ fosse tb ñ seria esa maravilha q é viver. precisamos conviver com nossos monstros, nossos anjos, nossas fraquezas, nossas forças, necessitamos desse combate, dessa batalha diária, o q é certo, o q ñ é correto, o q é bom, o q é mau e é o nosso discernimento q vai decidir o melhor caminho, a melhor atitude, o melhor comportamento, a melhor palavra ou o melhor silêncio.
Mas, tem uma coisa q ñ podemos perder, a nossa essência, a nossa alma. Somos o q somos. As vezes calmos, doces, cativos e calados, outras vezes, agressivos, ousados, amargos, neuróticos, enfim gente, humanos, imperfeitos e maravilhosos. Portanto, querida, ñ seja sempre mansa, ñ faz parte de vc e também ñ seja sempre feroz, pq também ñ é Clara. Seja verdadeira, clara, ñ deixe essas bolinhas entupirem sua garganta, ñ! deixe elas sairem, mas, sairem de forma ordenada e equilibrada, mas, ñ deixe nunca de ser vc! Ñ deixe nunca de dizer o q pensa e conteste se ñ lhe agradam as palavras do outro, faça isso com doçura, com calma, aquiete seu coração e sua alma e lembre-se q vc ñ é sózinha nessa luta constante entre o falo o q penso ou me calo e aceito.
tenho feito um trabalho espiritual q muitas vezes é extremamente doloroso, mas,tenho descoberto e aprendido vários truques q tem me ajudado a controlar meu temperamento intempestivo e agressivo e tenho aprendido a me calar qdo necessário e falar qdo a palavra é necessária, mesmo magoando quem ouve, pq as vezes é o q o outro precisa naquele momento para tb mudar sua atitude com relação a vida. Mudança é sempre dificil, mas necessária para o crescimento e amadurecimento de tds nós.
Sendo assim, trabalhe esse sofrimento, encare de frente, enfrente e esteja preparada para mudar se necessário for, mas, busque o melhor prá vc, busque sua paz interior e viva, viva e viva, vc merece! Amor sempre!