Até que meu pai me disse para parar com isso. Aquilo estava me fazendo mal, e eu sabia que era verdade de uma maneira não apenas mental, mas física. Comecei a tomar remédios e me resignei. Deixei de ser minha mãe, sempre explosiva, para ser meu pai, calmo e conformado -e, no meu caso, dopado.
E continuo assim até hoje. Ainda mais depois daquilo -como aquilo me mudou, e de um jeito tão profundo que, em vários momentos do dia, eu não me reconheço. E me sobe uma dor tão forte na garganta depois de cada momento impróprio - e a dor é de saber que não sei mais agir daquele jeito intempestivo, que não sei mais me defender e discutir com os outros.
Sim, tem um lado bom em ser assim, mas o melhor mesmo seria um meio termo. Porque o que sou agora me abala tanto quanto o que eu era antes. Cada palavra que machuca, cada ação que fere vai se juntando como pequenas bolinhas de ferro na garganta, e no fim pesam tanto que não consigo nem chorar.
E a decepção é tanta - comigo e com os outros - que o desespero me abate às vezes.
O que eu me tornei? E o que as pessoas próximas a mim se tornaram e se tornam a cada dia com esse meu silêncio?
3 comments:
Nossa, Clara! Muito forte o seu tópico...Estou aqui há alguns segundos ainda o digerindo...E pensando em mim também...E em nós, pra ser sincero...Como mudamos! Como mudamos sempre...Me embrulha o estômago às vezes, sabia! Como a vida nos leva a situações e a momentos tão diferentes...Me lembra Bergson e a sua frase acerta:
"A mudança é aquilo que pode haver de mais substancial e durável"
Bom. Mas difícil de se lidar, às vezes. Nem nós para nos entendermos...Por isso às vezes tão impossível julgar...
Beijitos!
Gostaria de ter conhecido a antiga Clara, ou, ao menos, de poder ter conseguido conversar com a atual.
Infelizmente aquela com quem morei foi a Clara com a qual nunca consegui conversar, aquela que nunca cheguei a conhecer.
Sinceramente
Beijos
A vida é complicada, se ñ fosse tb ñ seria esa maravilha q é viver. precisamos conviver com nossos monstros, nossos anjos, nossas fraquezas, nossas forças, necessitamos desse combate, dessa batalha diária, o q é certo, o q ñ é correto, o q é bom, o q é mau e é o nosso discernimento q vai decidir o melhor caminho, a melhor atitude, o melhor comportamento, a melhor palavra ou o melhor silêncio.
Mas, tem uma coisa q ñ podemos perder, a nossa essência, a nossa alma. Somos o q somos. As vezes calmos, doces, cativos e calados, outras vezes, agressivos, ousados, amargos, neuróticos, enfim gente, humanos, imperfeitos e maravilhosos. Portanto, querida, ñ seja sempre mansa, ñ faz parte de vc e também ñ seja sempre feroz, pq também ñ é Clara. Seja verdadeira, clara, ñ deixe essas bolinhas entupirem sua garganta, ñ! deixe elas sairem, mas, sairem de forma ordenada e equilibrada, mas, ñ deixe nunca de ser vc! Ñ deixe nunca de dizer o q pensa e conteste se ñ lhe agradam as palavras do outro, faça isso com doçura, com calma, aquiete seu coração e sua alma e lembre-se q vc ñ é sózinha nessa luta constante entre o falo o q penso ou me calo e aceito.
tenho feito um trabalho espiritual q muitas vezes é extremamente doloroso, mas,tenho descoberto e aprendido vários truques q tem me ajudado a controlar meu temperamento intempestivo e agressivo e tenho aprendido a me calar qdo necessário e falar qdo a palavra é necessária, mesmo magoando quem ouve, pq as vezes é o q o outro precisa naquele momento para tb mudar sua atitude com relação a vida. Mudança é sempre dificil, mas necessária para o crescimento e amadurecimento de tds nós.
Sendo assim, trabalhe esse sofrimento, encare de frente, enfrente e esteja preparada para mudar se necessário for, mas, busque o melhor prá vc, busque sua paz interior e viva, viva e viva, vc merece! Amor sempre!
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